Comunicação em evento científico
A “Europa” começa em Odemira?: Reflexões sobre o trabalho agrícola imigrante no Alentejo Litoral
Mariana Anginho Évora (Évora, M. A.); Cristina Santinho (Santinho, Cristina);
Título Evento
XII Congresso Português de Sociologia
Ano (publicação definitiva)
2023
Língua
Português
País
Portugal
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Abstract/Resumo
Nos censos de 2021, Odemira contrariou as dinâmicas nacionais de decrescimento e foi o concelho do país que registou um maior aumento da população, com uma variação de 13,5%. Dentro de Odemira, destacam-se as freguesias da Longueira/Almograve (com um crescimento de 72,2%), e de São Teotónio (35,1%), ambas freguesias litorais, e onde têm ocorrido grandes investimentos agrícolas, sobretudo na produção agrícola intensiva de frutos vermelhos. Estes investimentos, num contínuo crescimento ao longo dos últimos anos, transformaram Odemira num dos concelhos do país com maior volume de negócios no setor da agricultura (PORDATA 2020). Para isto, foi necessário recorrer a mão-de-obra barata e competitiva com o mercado internacional, maioritariamente imigrante, e que resultou neste aumento de população. De acordo com os dados do Município de Odemira (2020), a imigração para o concelho chegou por vagas, sendo a mais recente - e de maior número - a da população sul-asiática, oriunda da Índia, Nepal, Paquistão e Bangladesh, e que chega frequentemente através de redes de tráfico humano (Pereira et. al. 2021). Nesta comunicação, analisamos alguns dos dados de uma etnografia e de 16 entrevistas semiestruturadas realizadas no âmbito de uma dissertação de mestrado sobre os impactos sociais, culturais e económicos da agricultura na freguesia de São Teotónio (Évora 2022). A recolha de dados foi realizada entre junho e setembro de 2021, e as entrevistas foram realizadas a diferentes grupos da população - desde trabalhadores imigrantes, a empresários agrícolas, ou decisores políticos -, e tocaram em diversos temas ligados à agricultura, inclusive as trajetórias de vida dos imigrantes e as suas condições de trabalho. Para esta comunicação, apresentamos duas conclusões: por um lado, que o aumento da população nesta região é clara, e deve-se à necessidade de mão-de-obra para o trabalho agrícola, mas é temporária, na medida em que a maioria da população imigrante não tenciona ficar a residir em Odemira, ou mesmo em Portugal, depois de obter a cidadania portuguesa. Por outro lado, que a facilidade em obter cartão de residência e cidadania em Portugal, em comparação com outros países da UE, garante alguns direitos básicos à população imigrante, mas a falta de um enquadramento legal facilita a sua precariedade, conduzindo à aceitação de piores condições de trabalho, olhando a situação como temporária, até conseguir obter cidadania.
Agradecimentos/Acknowledgements
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Palavras-chave
imigração,trabalho agrícola,trabalho barato,Alentejo Litoral