A disrupção dos modelos tradicionais da indústria musical e a sua gradual transição para o modelo tecnológico conduziu a inúmeras mudanças na maneira como se consome, produz e partilha música. Com a utilização cada vez mais acentuada de plataformas online para consumir música (segundo os dados que a ANACOM e o INE têm apresentado em relação aos mais recentes anos), a fluidez entre indivíduo e tecnologia veio trazer novas dinâmicas nas práticas específicas desse consumo. A presente pesquisa tem como objetivo compreender de que forma a utilização da internet e das suas aplicações práticas tem sido incorporada no consumo cultural, com um foco específico no consumo musical. É também pretendido apresentar as várias polarizações encontradas nestas novas práticas online – de género, de faixa etária ou de classe – assim como, explorar as implicações que estas diferentes segmentações podem ter e de que forma se manifestam, tentando perceber motivos para a sua existência. Para o fazer, serão apresentados dados retirados do Inquérito às Práticas Culturais dos Portugueses de 2020, que conta com uma amostra representativa da população portuguesa com 15 ou mais anos. Será utilizado o modelo ACM na sua mais atual operacionalização, segundo Costa e Mauritti (2018), para realizar a divisão de classes socioprofissionais presentes em Portugal. Em suma, esta apresentação propõe-se a discutir novas formas de consumo cultural, em particular aquelas nas quais estão envolvidas práticas musicais online, e as divisões que se criam e que se vão criando graças a estes recentes fenómenos sociais.

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