Publicação em atas de evento científico
Definir o vazio: Definição de diferentes conceitos relacionados com vazios urbanos ou urban voids ou terrenos vagos com base na literatura académica existente
Lorenzo Stefano Iannizzotto (Iannizzotto, L. S.); Alexandra Paio (Paio, A.);
7ª Edição do Workshop Dinâmicas Socioeconómicas e Territoriais Contemporâneas: Rumos da Investigação num Mundo em Transformação. Livro de Resumos
Ano (publicação definitiva)
2023
Língua
Português
País
Portugal
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(Última verificação: 2024-04-30 15:45)

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Abstract/Resumo
As cidades estão a tornar-se o principal modelo de habitat a nível mundial, e estima-se que continuarão a crescer no futuro. É urgente e importante estudá-las, a fim de enfrentar adequadamente os importantes desafios globais futuros da sustentabilidade e da inclusão. As cidades contemporâneas estão a mudar a sua estrutura física e as suas relações imateriais e simbólica, dando origem a novos espaços e novas formas de ocupação do território. Muitos autores tentaram uma definição para esta nova forma urbana, tais como zwischenstadt ou intermediate city (Sieverts, 2003), città difusa (Secchi, 2005), ou generic city (Koolhaas, 1995), urbanização planetária (Brenner & Schmid, 2011), urbanização regional (Soja, 2011). As cidades contemporâneas geram dentro dos seus limites e nas suas fronteiras novos tipos de espaços. Entre estes existem os urban voids (Lopez-Pineiro, 2020) ou Terrain Vague (Solà-Morales, 1995), que parecem ser os protagonistas da maioria dos estudos e intervenções na cidade contemporânea. Para resumir as suas características comuns, podemos dizer que estes espaços são espaços à espera, abandonados, marginais, subutilizados, espaços ambíguos, no limite da cidade e resultado do processo de urbanização regional. Além disso, são ”frequentemente ocupados por atividades quotidianas e recuperados pela natureza” (Kamvasinou & Roberts, 2014) e também ”podem acomodar uma série de atividades não facilmente permitidas ou toleradas em espaços públicos oficialmente designados” (Kamvasinou, 2011). Apesar de representarem uma parte residual, muitas vezes problemática e por vezes invisível da cidade contemporânea, os interstícios urbanos são simultaneamente espaços preciosos com grande potencial, e podem desempenhar um papel importante num desenvolvimento sustentável, resiliente e inclusivo das cidades no futuro. De facto, como referido por Solà Morales (1995, 75), o vazio pode ser pensado tanto de forma negativa como positivamente: “o vazio, portanto, como uma ausência, mas também como uma promessa, como um contraste, como um lugar de espera possível e esperançoso”. Estes espaços permitem qualquer possibilidade e são portadores de esperança e liberdade (Solà Morales, 1995). Têm um grande valor ambiental, social e económico (Clément, 2022; Omar & Saeed, 2019); podem ser integrados com espaços públicos tradicionais, ou estar ligados entre si, criando uma rede de espaços intermediários de transição, cooperação, limiar (Brito-henriques et al., 2019; Stavrides, 2014). Com o aumento do processo de urbanização em cada vez maior escala (regional, nacional, global), a gestão dos espaços verdes tornar-se-á cada vez mais importante. Por um lado, por razões de ambiente, ecologia e sustentabilidade, as cidades do futuro terão de melhorar a gestão dos recursos naturais e produção e fluxos de alimentos (Marat-Mendes et al., 2021), criando sistemas de espaços verdes. Por outro lado, a igualdade de acesso aos espaços verdes deve ser garantida, para melhorar a qualidade de vida e para uma cidade inclusiva (Perrone, 2019), por exemplo através de processos de cocriação (Cardoso & Paio, 2021). Muitos autores, desde os anos 60, começaram a criticar o modelo de desenvolvimento urbano pela sua visão de cima para baixo (De Carlo, 1980). As questões da igualdade e justiça social estão no centro do debate de hoje, para uma cidade democrática e inclusiva, e muitos autores introduziram e justificaram conceitos como o direito à cidade e à justiça espacial. Devido à natureza incerta, transitória e em constante mudança destes espaços, estes espaços foram definidos de muitas maneiras diferentes: terrain vague (Solà-Morales, 1995), urban voids (Lopez-Pineiro, 2020), territori attuali (Careri, 2006), spazi interclusi (Zetti & Rossi, 2018), nuove terre (Marini, 2010), In between places (Spirito, 2015) , terceira paisagem (Clément, 2022), interstícios urbanos (Brighenti, 2013), terra incógnita (Bowman & Pagano, 2004), marginalia (Gandy, 2013), drosscapes (Berger, 2006), leftover spaces, vacante spaces or lots, brownfield, terrenos baldíos na tradição e língua portuguesa e espanhola (Cos, 2021). Com este artigo, pretendemos explorar as diferentes definições de terrain vague ou urban voids, com o objetivo de melhor compreender as suas diferenças e semelhanças, de modo a tentar chegar a uma formulação mais clara das definições dos conceitos de investigação.
Agradecimentos/Acknowledgements
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Palavras-chave
Urban voids,Terrain vague,Vazios urbanos