Trabalho digital, uberização das relações sociais de trabalho e resistências: evidências desde Portugal
Event Title
XXXIV CONGRESO ALAS – La Sociología en tempos de crise e incertidumbre – El Caribe y Latinoamerica – unidad en la diversidade
Year (definitive publication)
2024
Language
Portuguese
Country
Dominican Republic
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Abstract
Robótica, inteligência artificial, algoritmos, internet das coisas (IoT), nuvem, fábricas conectadas, realidade aumentada, big data, fabricação aditiva (AM), também conhecida como impressão 3D, indústria 4.0, economia colaborativa, trabalho digital e plataformas digitais, entre outros, são termos que ouvimos cada vez mais em referência à revolução tecnológica atualmente em curso.
De acordo com Fuchs (2014), “o trabalho digital é uma forma específica de trabalho que utiliza o corpo, a mente ou as máquinas ou uma combinação de todos ou de alguns destes elementos [e inclui] uma grande variedade de atividades que criam valores de uso que são objetivados em tecnologias de meios digitais e em conteúdos e produtos gerados pela aplicação de meios digitais”.
Tal como nas revoluções tecnológicas anteriores, surgem receios quanto às implicações da crescente incorporação de trabalho morto no processo de trabalho e consequente substituição do trabalho vivo.
Há também questões relacionadas com as condições de trabalho e as relações sociais de trabalho. A intensificação da exploração da força de trabalho e a deterioração das condições de trabalho são evidentes em toda a cadeia do trabalho digital, da mineração às plataformas digitais, passando pela montagem de hardware, produção de software, centros de contacto ou comércio eletrónico, sem esquecer o trabalho não remunerado dos prosumers. Vários autores, entre outros, Antunes (2020, 2023), referem-se a este processo como de “uberização das sociedades”, o qual aprofunda a precarização do trabalho, do emprego e dos direitos sociais, assim engrossando o info-proletariado (Antunes e Braga, 2009; Huws, 2014).
Perante esta nova realidade no mundo do trabalho, surgiram formas de resistência individual e coletiva com recurso a vários repertórios de ação (Tilly, 2006), o que ainda há pouco tempo se julgava impossível, dada a muito recente emergência da digitalização. Essas ações são conduzidas por uma força de trabalho com características específicas e no contexto de um sector de atividade não sindicalizado. As greves dos entregadores da Deliveroo no Reino Unido ou o seu apelo a um boicote dos consumidores em França; a greve dos motoristas da Uber em vários países; os “breques dos apps” no Brasil ou as greves na montagem de hardware na Ásia são disso exemplos.
Com este artigo pretendemos analisar as formas de resistência que têm ocorrido em Portugal, centrando-nos sobretudo no sector dos centros de contacto e no trabalho em plataformas digitais. As greves em vários centros de contacto nos últimos anos, as marchas lentas dos motoristas TVDE (Transportes em Viaturas Descaracterizadas) ou os recentes movimentos entre os entregadores de comida, um sector fortemente racializado, sobretudo em Lisboa, serão consideradas, sem esquecer que esta nova situação desafia os sindicatos, sejam eles tradicionais ou novos, os quais tentam organizar os trabalhadores, já tendo conseguido alguns resultados, ainda que ténues.
Acknowledgements
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Keywords
Português