As mudanças no mundo do trabalho colocam o desafio de uma maior compreensão da precariedade nas sociedades contemporâneas. Propõe-se uma perspetiva multidimensional da precariedade e ancorada na problemática das desigualdades sociais, ao invés de circunscrevê-la apenas ao vínculo contratual dos trabalhadores. Observa-se o conjunto dos países que constituem a União Europeia para discutir a hipótese de que as várias dimensões da precariedade analisadas serão mais ou menos acentuadas em função de desigualdades que estruturam o espaço europeu do trabalho. Através do “Inquérito ao Emprego” (LFS) e do “Inquérito às Condições de Vida e Rendimento” (EU-SILC) é possível compreendermos as principais tendências de evolução da precariedade antes e durante o período da crise, e sincronicamente, traçarmos um retrato sobre a atual precariedade no contexto europeu da sociedade do conhecimento. Verifica-se que a crise e as políticas de austeridade que se seguiram agravaram a precariedade na União Europeia. As desigualdades categoriais (de estado nacional, género e idade) e distributivas (de recursos educativos e rendimentos) acentuam processos de precarização laboral. Na Europa vislumbra-se um xadrez precário saliente em múltiplos tabuleiros, que se exprime em função das dimensões da precariedade e de determinadas regularidades regionais e transnacionais.

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Precariedade,Desigualdade,Crise,Sociedade do conhecimento,Espaço europeu do trabalho