A presença de clãs familiares, dentro de diferentes sistemas democráticos representativos de tipo concorrencial, prejudica os parâmetros democráticos de seleção de candidaturas, gerando o fechamento e oligarquização dos sistemas políticos. Isso revela como estes são desigualmente permeáveis aos diferentes perfis, uma vez que, candidaturas com capital familiar, apresentam vantagens comparativas e uma maior chance de eleição. No entanto, o fenômeno permanece inexplorado entre os estudos sobre carreiras e recrutamento no contexto português. Este projeto tem como objetivo, fornecer uma análise acerca da influência da presença de laços familiares na política institucional, especialmente nos processos e critérios de recrutamento, adotados pelos diferentes partidos políticos com representação parlamentar, entre a Assembleia Constituinte e a XV Legislatura. Busca-se contribuir com a literatura internacional, com uma nova proposta de análise, para investigar as características, recursos, tipologias e estratégias adotadas por esses clãs. Orientação:Ana Espírito-Santo (CIES-Iscte)Danusa Marques (Núcleo de Pesquisa Flora Tristán/Ipol-UnB)  

A concepção moderna de democracia funda-se na igualdade no direito de votar. Contudo,  esta  igualdade  formal  não  tem  tradução  plena  na  generalidade  das democracias: várias assimetrias – de género, étnicas, geográficas, socioeconómicas, de escolaridade – estão associadas a diferentes propensões para o exercício do voto, que por sua vez se podem traduzir em desigualdades de representação política. No caso português, apesar  de um elevado número  estudos se ter já  debruçado sobre  os correlatos da abstenção, sobretudo em contexto de eleições legislativas (Gaspar 1983; Freire e Magalhães 2002; Baum e Espírito-Santo 2004; Magalhães 2004; Cancela e Vicente 2019), há ainda lacunas relevantes por preencher quanto às suas raízes e consequências.  Este  projecto  procura  dar  resposta  a  duas  destas  lacunas  que,  sendo especialmente prementes no caso português, são relevantes no quadro mais amplo da literatura comparada. Em primeiro lugar, sabemos pouco sobre as variações nos padrões  de  participação  entre  eleições  com  diferentes  âmbitos  territoriais.  A generalidade dos estudos sobre a participação eleitoral ao nível individual em Portugal diz respeito a eleições de âmbito nacional e, em contrapartida, as determinantes da participação em eleições de âmbito local têm sido menos escrutinadas. Perceber em que medida é que os factores associados à participação em diferentes tipos de eleições são ou não comuns é, assim, um dos propósitos deste projecto.   Coordenação: José Santana Pereira (Iscte) e João Cancela (NOVA FCSH)