Reitora defende um Iscte com mais relevância, autonomia e qualidade

Reitora defende um Iscte com mais relevância, autonomia e qualidade
Reitora defende um Iscte com mais relevância, autonomia e qualidade
Maria de Lurdes Rodrigues tomou posse para o segundo mandato como Reitora do Iscte

A Reitora do Iscte, Maria de Lurdes Rodrigues, expressou hoje, na cerimónia de tomada de posse, as suas três principais preocupações para o segundo mandato: autonomia, relevância e qualidade.

Sobre a autonomia, a reitora afirmou que a missão das universidades é transmitir conhecimento. Mas, para que esta missão seja cumprida, é necessária autonomia e que exista um quadro de regras dentro da liberdade académica e na liberdade de investigar: “o Iscte não será uma universidade plena se não tiver o espaço físico, recursos financeiros e condições que merece. A autonomia não pode ser apenas e só um desígnio constitucional. As universidades contribuirão inegavelmente para a modernização do pais.”

Quanto à relevância, Maria de Lurdes Rodrigues recordou que tem sido sua preocupação promover a afirmação do Iscte como universidade sem muros, aberta e comprometida com a resposta aos desafios contemporâneos das desigualdades, da integração e inclusão da diversidade, da transição digital e ambiental. “Os tempos exigem não perder de vista que as universidades são um espaço de produção de conhecimento e de pensamento insubmisso, descomprometido, livre, eventualmente inútil do ponto de vista do interesse económico ou político, imediato ou de curto prazo.”

Por último, a qualidade. Para Maria de Lurdes Rodrigues, é essencial que o Iscte alinhe as suas atividades, os seus procedimentos e sua ambição por padrões internacionais. “Fazer bem, fazer sempre melhor o ensino, a investigação e a difusão de conhecimento”. E rematou com um compromisso: “Na voragem dos dias de hoje, com a pressão para a resolução rápida de problemas, assistimos a uma certa impaciência, a visões simplistas, diria até ignorantes, do que é a especificidade das universidades como instituições de produção de conhecimento, que ora a desvalorizam ora lhe colocam desafios desajustados. A essa voragem não cederemos.”


A Reitora do Iscte para o quadriénio 2022-2026Maria de Lurdes Rodrigues


As 5 prioridades

Numa cerimónia marcada, como há quatro anos, na primeira tomada de posse, para o Dia Internacional da Mulher, Maria de Lurdes Rodrigues recordou as cinco prioridades com que se candidatou a Reitora.

Desde logo, reiterou a necessidade de garantir que o Iscte é uma instituição sustentável do ponto de vista financeiro, tendo deixado algumas críticas à falta de aplicação da lei de financiamento das instituições de ensino superior.

O segundo objetivo é a promoção da interdisciplinaridade e da internacionalização, como instrumentos de melhoria do ensino, da investigação, da difusão do conhecimento e do serviço à comunidade. Esta prioridade irá ser concretizada com a conclusão da requalificação do edifício Conhecimento e Inovação, que, “acolherá todos os centros e recursos da investigação e da formação doutoral”.

O terceiro objetivo é a melhoria das condições de trabalho. "Aqui o verbo é mesmo melhorar", disse, elencando a necessidade premente que o Iscte tem de melhorar as suas condições físicas e tecnológicas de trabalho.

Investir na construção de residências para melhorar as condições de integração e de sucesso dos estudantes é o quarto objetivo enumerado pela Reitora do Iscte, assumindo que era “um objetivo já presente há quatro anos, mas que condicionamentos externos comprometeram, mas que hoje está mais próximo de ser realizado devido à alteração daqueles condicionamentos.”

Já o quinto e último objetivo passa pela construção do Iscte-Sintra, a quinta escola do Instituto Universitário de Lisboa, que visa dar resposta, “com uma oferta inovadora”, à falta de oferta de ensino superior nesta região da Área Metropolitana de Lisboa.


”Queremos uma universidade sem muros, aberta e inclusiva, diversificada, que responda aos desafios digitais, ambientais e sociais que enfrentamos.”



As últimas palavras do discurso da reitora foram para a Ucrânia. “Apesar da paz que reina neste auditório, o sentimento generalizado é o de que estão de novo em risco valores universais da democracia, da liberdade, da paz e do respeito pela dignidade humana. Há um país que assume as responsabilidades de resistir, qual escudo protetor daqueles valores, pagando sozinho o enorme custo da destruição e da perda de vidas de homens, mulheres e crianças. Para os nossos amigos ucranianos, uma palavra final de solidariedade. E a afirmação da disponibilidade do Iscte, acompanhando o CRUP e todas as universidades, para integrar estudantes, professores e outros ucranianos que cheguem ao nosso país” – afirmou Maria de Lurdes Rodrigues.


A nova equipa reitoral

O dia ficou marcado pelo momento em que a comunidade Iscte ficou a conhecer os nomes que irão acompanhar Maria de Lurdes Rodrigues na liderança da Reitoria. Os professores Bernardo Miranda, Maria das Dores Guerreiro e Jorge Costa reassumem o cargo de vice-reitores. Os dois primeiros em áreas que já conheciam, património edificado e internacionalização, respetivamente. Já Jorge Costa, assume o desafio de coordenar a componente da investigação e modernização tecnológica.

Maria Fátima Ferreiro, até ao momento diretora da Escola de Ciências Sociais e Humanas, assume agora o cargo de vice-reitora com a pasta do Ensino e Acreditações. Sofia Vale, professora de Economia e membro do Conselho Geral, assume a responsabilidade das Finanças. Por fim, Maria José Sousa, será a nova pró-reitora para o Ensino à Distância.


A nova equipa reitoral, Presidente do Conselho Geral e Presidente do Conselho de CuradoresA nova equipa reitoral, Presidente do Conselho Geral e Presidente do Conselho de Curadores

Perante um auditório repleto de individualidades do mundo académico, político e científico, a cerimónia contou com diversos momentos de reflexão sobre o papel do Iscte na universidade e sociedade portuguesas.

A primeira intervenção da sessão solene esteve a cargo de José António Pinto Ribeiro, Presidente do Conselho de Curadores. Para o responsável máximo da Fundação Iscte, as instituições de ensino superior necessitam que seja reposta, com urgência, os níveis de autonomia universitária que foram reduzidos em 2011, assim como aumentar os apoios do Estado, de forma a reforçar a sua capacidade de ação, gestão e criação de conhecimento.

Para o Presidente do Conselho Geral, Júlio Pedrosa, o Iscte deve estar orgulhoso do trajeto que tem vindo a fazer ao longo dos últimos anos. Júlio Pedrosa teceu os mais rasgados elogios à gestão universitária dos últimos quatro anos, exemplificando com o reforço da oferta formativa do Iscte, a aposta na internacionalização, a criação da Escola de Sintra ou as respostas dadas durante a pandemia. Para o presidente do Conselho Geral, o novo mandato representa um momento de singular desafio para o Iscte.

A sessão solene terminou com uma conferencia proferida por António M. Feijó, professor catedrático da Universidade de Lisboa, acerca da autonomia da universidade e dos desafios que se lhe colocam.