No puzzle da transformação socio-ecológica das zonas áridas do planeta, a mudança religiosa é uma peça fulcral. Este projeto pretende investigar como os padrões de transformaçãoreligiosa se moldam pelas alterações ambientais em zonas áridas da Ásia, África e América do Norte, mais especificamente nas estepes da Mongólia, nos sistemas pastoris eagrícolas do Quénia e de Moçambique, e nas Grandes Planícies dos EUA.As zonas áridas e semiáridas cobrem 41% do planeta e sustentam dois mil milhões de pessoas, muitas delas em insegurança alimentar, e que sofrem particularmente com asalterações ambientais globais[ST09]. A forma como as populações das zonas áridas asiáticas, africanas e americanas, dependentes dos seus recursos naturais, são afetadas, tem sido amplamente estudado. As zonas áridas são o local de origem das grandes religiões monoteístas. O Cristianismo tem-se expandido na Ásia e na África Subsaariana, sendo neste momento a segundareligião do mundo com maior crescimento, após o Islão, e o budismo tem recuperado o seu espaço na Ásia Interior. Nas zonas áridas, a revitalização espiritual, aradicalização e a conversão às religiões globais estão a ocorrer em paralelo com alterações culturais; diversificação económica; marginalização e instabilidade políticas; alterações na gestão da terra; conflitos por recursos naturais; agitação social e alterações climáticas. Estudos têm demonstrado o poder local das religiões: o cristianismo pentecostal está a tornar-se uma força política em África ; a radicalização islâmica destabiliza partes da Ásia Interior e África; e o Evangelismo, e as crenças budistas/xamanísticas moldam, respetivamente, a política norte-americana e da Ásia Interior. As organizações religiosas têm liderado os esforços de progresso nos países em desenvolvimento. No entanto, esses trabalhos não têm estudado a influência das instituições religiosas, crenças e práticas na gestão ambiental, nem analisado o papel das alterações religiosas na mediação das dinâmicas socioecológicas em zonas áridas. Apesar do trabalho já desenvolvido sobrefatores que influenciam as mudanças nos modos de vida entre os pastores e os agricultores, os investigadores ainda não se debruçaram sobre fatores religiosos enquanto variáveis intervenientes nas dinâmicas acima mencionadas. No entanto, sem essa perceção, o conhecimento sobre como os habitantes marginalizados das zonas áridas 1) entendem osdesafios ambientais atuais e 2) tomam decisões sobre os seus meios de subsistência, afetando assim a sua própria resiliência e bem-estar, é incompleto. Essa lacuna cria condiçõespara decisões políticas mal informadas, enquanto o papel que as religiões foram chamadas a enfrentar no âmbito dos desafios ambientais permanece negligenciado. Este projeto pretender preencher a lacuna identificada ao estudar a interseção entre as transformações religiosas e ambientais in zonas áridas da Ásia, África e América do Norte. 

Os objetivos são caracterizar qualitativamente 1) a articulação entre os fatores de mudança religiosos e socioecológicos, e 2) relação de causalidade entre estes fatores. 

Através de um estudo etnográfico comparativo das crenças e práticas religiosas entre pastores mongóis e quenianos, missionários estrangeiros e agricultores moçambicanos enativos das Grandes Planícies dos EUA, responderemos às seguintes perguntas: 1 ) as alterações religiosas conduzem alterações ambientais (como?); 2) a alteração ambiental promove alterações religiosas (como?). A nossa hipótese é que o reavivamento espiritual (Mongólia, EUA), a conversão religiosa (ao pentecostalismo no Quénia) e a missionação cristã (Moçambique) influenciam os resultados ambientais, influenciando a cognição das pessoas sobre o meio ambiente e seu envolvimento físico com a gestão do espaço e da terra. Com base em dados preliminares, também levantamos a hipótese de que percepções locais e experiências impactos negativas das mudanças climáticas, conversão de terras eextração de recursos estejam a alimentar processos de revitalização e conversão religiosas nas nossas áreas de estudo. Prevemos que essas interações sejam complexas, diretas e indiretas e multidirecionais. Perceber essas conexões é fundamental para se entender as alterações nos meios de subsistência e a degradação da terra nas zonas áridas; para superar narrativas simplistas que relacionam instabilidade climática, escassez de recursos naturais e conflito religioso; e para apoiar a formulação de políticas. Ao fornecer uma peça crítica do puzzle das alterações socioambientais entre os habitantes das zonas áridas, esperamos que esta pesquisa venha a influenciar debates sobre a dinâmica socioecológica das zonas áridas nos próximos anos e contribua a investigação sobre religião e meio ambiente.

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Com o objetivo de aumentar a investigação direcionada para o cumprimento dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável para 2030 das Nações Unidas, é disponibilizada no Ciência-IUL a possibilidade de associação, quando aplicável, dos projetos científicos aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Estes são os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável identificados para este projeto. Para uma informação detalhada dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, clique aqui.