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A rede Natura 2000 e um conjunto de locais protegidos que pretendem suster a perda de biodiversidade de a degradação de ecossistemas e constitui um dos principais instrumentos de política ambiental da EU. Até ao momento, a persecução destes objectivos tem estado quase unicamente dependente de medidas de cariz legal e de base científica, e tem desvalorizado o conhecimento local existente nas comunidades que vivem nis sítios protegidos. Estas comunidades têm sido tratadas mais como partes interessadas do que como agentes de mudança e a sua contribuição não tem sido integrada.

 

Este projeto pretende preencher esta lacuna das seguintes formas; (1) preparando um “#banco de memórias” de práticas, ofícios e profissões ligadas ao mar e à zona costeira que contribua para tornar o conhecimento local numa mais-valia para lidar com as alterações climáticas, e permita integrá-lo com outros tipos de conhecimentos; (2) ajudando a integrar a adaptação e as alterações climáticas nas rotinas das comunidades ao promover a partilha de conhecimentos locais, legais e científicos – em workshops horizontais e verticais – de modo a aumentar a consciência mútua, hibridização e negociação entre estes diferentes conhecimentos. O projecto pretende alcançar estes objectivos através de uma trajectória teórico-metodológica descritiva e enraizada em estudos de caso. Ire3mos seleccionar em cada um dos 3 países envolvidos (Portugal, França e Grécia) 1 área protegida importante, e dentro desta estudaremos duas comunidades, onde estudaremos o conhecimento local relacionado com a protecção da biodiversidade, a memória social de praticas e ofícios relacionados com o mar e a costa e da forma como o uso de recursos naturais organiza as relações sociais. Os ofícios e profissões a abordar incluem a pesca, a recolha de algas e bivalves, mas também os que se relacionam com os usos das terras e plantas na zona costeira. O projecto está organizado em três fases. A primeira será direccionada para a recolha de informação científica e local; a segunda fase irá desenvolver os 6 estudos de caso através de uma combinação de métodos que irá permitir aceder à memória e conhecimento locais, e responder a um conjunto de questões analíticas; a terceira fase envolverá o arquivo, a disseminação e debate dos resultados com as comunidades envolvidas e com os principais stakeholders. Ao longo de todo o projeto, várias actividades assegurarão também a divulgação científica dos resultados do projeto.

Os métodos a usar nos estudos de caso serão as entrevistas em profundidade, a análise imprensa e o inquérito por questionário. As entrevistas recorrerão ao inovador método das recorded walking interviews. Estes métodos e instrumentos irão também permitir abordar dois grandes grupos de questões psicossociais: o primeiro relaciona-se com as controvérsias que persistem sobre a natureza do conhecimento local e os resultados dos seus encontros com os conhecimentos legal e científico, e examinará os conflitos bem como os recursos adaptativos e forma de hibridização do conh3ecimento que resultam destes encontros. O segundo relaciona-.se com a forma como a relação com o lugar se relaciona com as representações e as práticas de adaptação às mudanças climáticas e protecção da biodiversidade.