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Correia, S.B. (2025). Entre as impossibilidades do passado e uma nova ordem de género - narrativas de artistas visuais portuguesas. II Conferência Internacional Mulheres, Mundos do Trabalho e Cidadania – Diferentes Olhares, Outras Perspetivas.
S. A. Correia, "Entre as impossibilidades do passado e uma nova ordem de género - narrativas de artistas visuais portuguesas", in II Conferência Internacional Mulheres, Mundos do Trabalho e Cidadania – Diferentes Olhares, Outras Perspetivas, Lisboa, 2025
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TY - CPAPER TI - Entre as impossibilidades do passado e uma nova ordem de género - narrativas de artistas visuais portuguesas T2 - II Conferência Internacional Mulheres, Mundos do Trabalho e Cidadania – Diferentes Olhares, Outras Perspetivas AU - Correia, S.B. PY - 2025 CY - Lisboa UR - https://www.dinamiacet.iscte-iul.pt/post/conferencia-mulheres-mundos-do-trabalho-e-cidadania-2 AB - A presente comunicação decorre de uma pesquisa de doutoramento em curso que procura evidenciar a composição de género do campo artístico português e compreender como o género estrutura as possibilidades e constrangimentos das trajectórias profissionais das artistas visuais. A literatura demonstra que, historicamente, a participação das mulheres tem ficado muito aquém da dos homens em termos de acesso, visibilidade e reconhecimento no campo artístico. A persistência de desigualdades de género reflete-se nas posições periféricas que as mulheres ocupam, o que acarreta maiores obstáculos na persecução de trajectórias profissionais satisfatórias, tanto em termos de autonomia financeira como de legitimação artística (Vicente, 2005, 2012, 2015; Sabino, 2012). Na componente qualitativa da investigação, foram mapeados, através de entrevistas aprofundadas, os percursos biográficos de 43 mulheres artistas, com idades entre os 23 e os 79 anos. A análise dos seus discursos permitiu captar as suas observações sobre o campo e compreender como experienciam o impacto do género nas suas actividades profissionais. O campo artístico português é descrito como um espaço instável, onde as práticas culturais e sociais tendem a privilegiar os homens. A aleatoriedade no acesso, na permanência e na sustentabilidade resulta em múltiplas camadas de precariedade. A ausência de vínculos laborais e a falta de garantia de rendimentos continuados são, para algumas, uma realidade quotidiana e o grande motivo de preocupação. Apesar de algumas reconhecerem que partilham esse barco juntamente com os seus colegas homens, também asseguram que o facto de serem mulheres as coloca em lugares de segunda classe. Outras, ainda que identificando desigualdades de género, entendem que os seus percursos são afectados por outros factores, como a classe social de origem, a qualidade das suas redes sociais, a aleatoriedade das decisões dos gatekeepers ou a dimensão e desregulação do mercado da arte. O equilíbrio entre as esferas de vida é o tema central nas representações e práticas de todas as artistas entrevistadas. Reconhecem que a conciliação exige maior esforço e tempo às mulheres, e que a parentalidade tem um maior impacto profissional sobre elas. Entre as artistas que são mães, quase todas relataram um abrandamento ou interrupção da prática artística durante períodos variáveis. Aquelas que não têm filhos, admitem que o projecto de maternidade está fortemente constrangido pela ideia de desaparecimento profissional e pela precariedade. Os resultados desta pesquisa posicionam as experiências destas mulheres entre as “impossibilidades do passado” (Silva & Leandro, 2013), que ainda as relegam para as periferias do campo artístico, e uma nova ordem social (e de género), que mais recentemente, parece animar tanto as estruturas artísticas como a agência das mulheres, aproximando-as dos tão desejados centros de reconhecimento. ER -
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