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Oliveira, A., Pereira, E.R. & Mauritti, R (2020). A universidade, suas práticas e a necessária construção de novas agendas. In A.Oliveira; E.R.Pereira, R. Mauritti (Ed.), Práticas Inovadoras em Gestão Universitária: Interfaces entre Brasil e Portugal. (pp. 9-22). Rio de Janeiro: Oficina de Livros Gráfica e Editora.
A. J. Oliveira et al., "A universidade, suas práticas e a necessária construção de novas agendas", in Práticas Inovadoras em Gestão Universitária: Interfaces entre Brasil e Portugal, A.Oliveira; E.R.Pereira, R. Mauritti, Ed., Rio de Janeiro, Oficina de Livros Gráfica e Editora, 2020, vol. 1, pp. 9-22
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TY - CHAP TI - A universidade, suas práticas e a necessária construção de novas agendas T2 - Práticas Inovadoras em Gestão Universitária: Interfaces entre Brasil e Portugal VL - 1 AU - Oliveira, A. AU - Pereira, E.R. AU - Mauritti, R PY - 2020 SP - 9-22 CY - Rio de Janeiro AB - Nos últimos dois séculos, a instituição universitária esteve diretamente inserida nos diversos processos históricos de construção dos projetos de Estados-nações no ocidente, desempenhando um importante papel na materialização de projetos de desenvolvimento. No entanto, nos tempos recentes, as universidades enfrentam o risco de serem percebidas meramente como empresas ou organizações, submetidas à lógica do mercado e pautadas segundo os ditames da ideologia da competência (CHAUÍ, 2014). A educação, enquanto direito público vai sendo transmutada em serviço que deve atender aos interesses do mercado e, sobretudo, à lógica do lucro privado. Ao submeter-se, sem questionamentos e devidas reflexões, à busca pela racionalização dos procedimentos, pelas estratégias de gestão e aos resultados quantificáveis, a universidade corre o risco de deixar de cumprir sua missão pública e tornar-se somente um meio particular de produção na lógica mercantil do sistema capitalista. Não são poucas as ações e pressões que visam à destruição da essência pública das universidades. A universidade, enquanto instituição pública, é um lugar que favorece e promove a construção de redes de sociabilidades e de interações entre práticas culturais. Assim sendo, a formação acadêmico-científica que promove não é dissociada da formação humanista e socialmente referenciada. A despeito das transformações deste conturbado mundo contemporâneo, acreditamos que a universidade continua sendo instituição privilegiada na medida em que ainda possibilita o encontro, a articulação e o diálogo crítico entre diversos e distintos saberes com modos de conhecer específicos. Por outro lado, tal multiplicidade, não raras vezes, traz uma “crise de identidade” e uma “crise de legitimidade” (SANTOS, 2001) à universidade, que precisa, assim, estar em constante processo de repensar e refazer-se. Consideramos que, nestes tempos, o problema crucial desta instituição não é a promoção do ensino superior em seu sentido “utilitário”; trata-se, sim, de buscar reorientá-lo com vistas à definição do compromisso social que a universidade toma para si; trata-se de um posicionamento político; não isento, em que ela se coloca frente aos mecanismos de conservação ou de transformação da realidade social. Assim feito, a universidade conseguirá manter seu papel de vanguarda na produção, na crítica e na difusão do conhecimento. Enfrentar tais desafios e construir alternativas para trabalhar as tensões internas e externas às instituições, buscando a consolidação de um novo paradigma para a educação superior pública no Brasil e em Portugal é responsabilidade que cabe a todos nós. Tem-se o entendimento de que, pelas suas características constitutivas e por suas finalidades, a universidade pública tem importância fundamental na construção da sociedade, na medida em que “tem um compromisso com o passado, preservando a memória; com o presente, gerando novos conhecimentos e formando novos profissionais; e com o futuro, funcionando como vanguarda.” (KUNSCH, 1992, p.23). Desta forma, é “grande a responsabilidade que recai sobre a universidade pelo fato de ela ser um centro por excelência de criação e reprodução de novos avanços científicos e tecnológicos e ter, como dever, a missão de imbuir-se da tarefa de democratizar as conquistas, tornando-as acessíveis à sociedade” (KUNSCH, 1992, p. 78). Na linha analítica de Maria de Lourdes Fávero, entende-se, ainda, que a universidade deve voltar a se preocupar com a criação, a produção do conhecimento, a busca de saber, necessitando também pensar “em como disseminar competentemente esses conhecimentos. Tem de assumir que a socialização do conhecimento por ela produzido não é um só dever, mas um determinante ao se pretender uma universidade democrática.” (FÁVERO, 1989, p.52). ER -