Na presente comunicação análisa-se a relação entre os media e o desporto, com ênfase no papel da televisão no desenvolvimento do desporto dentro da esfera pública. O desporto, à semelhança de outras áreas da sociedade, viu o seu modelo de negócio alterado por via de uma cada vez maior fusão entre tecnologias de informação, comunicação e computorização. A consequente convergência dos media, bem como a multiplicação do número de dispositivos através dos quais os conteúdos podem ser acedidos, trouxeram uma dimensão transnacional à prática da compra e venda de direitos desportivos. Enquanto, por um lado, o desporto lucra com a nova dimensão financeira dos direitos de transmissão, por outro, o desporto constitui uma importante fonte de receitas para os operadores de canais por subscrição – canais premium. Porém, corremos o risco da concentração dos direitos de transmissão, aliados à baixa penetração dos canais premium, conduzirem à restrição de acesso do público aos acontecimentos de grande importância para a sociedade, como é o caso das transmissões de futebol em Portugal. Tendo em consideração a complexidade que envolve os principais atores deste cenário, toma-se como base de análise os regulamentos que equilibram os interesses comerciais das organizações desportivas e das empresas de media privadas com as transmissões free-to-air e a consequente proteção aos eventos desportivos, considerados acontecimentos de interesse generalizado do público. Neste contexto, argumenta-se que um dos pré-requisitos necessários aos benefícios sociais e culturais relacionados com o desporto implica que este esteja acessível a todos.

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