Em função da representatividade e validade constituírem importantes requisitos na análise sociológica, os estudos de caso são muitas vezes utilizados como mecanismos exploratórios e geralmente relegados para um papel secundário, quando comparados com estudos em que se utilizam um grande número de unidades de análise (Lieberson, 1985 apud Abell, 2009, pp.38). Neste texto, reflecte-se sobre a importância de analisar um caso único — ou um número reduzido de casos — em sociologia, demostrando a sua relevância, quer em termos da validade (intrínseca) do caso, como da replicabilidade do modelo analítico. Observando critérios metodológicos sobre a pesquisa qualitativa como ponto de partida, destaca-se a questão da representatividade dos estudos de caso quando estes são construídos como narrativas (e.g., análise da trajectória de vida, análise visual ou análise crítica dos discursos produzidos) através do estudo da auto-representação em dois artistas portugueses. O que indica que a explicação causal é viável sem a necessidade de comparação ou generalização, porque as narrativas fornecem caminhos ou ligações causais numa cronologia de acções ou acontecimentos, a nível externo, que podem ser estudados como processos (Abell, 2009). E ao mesmo tempo que as propriedades emergentes, ao nível interno (mecanismos ou poderes causais) dão pistas sobre a sua especificidade intrínseca, permitindo destacar a nível ontológico um tipo de causalidade cuja consequência é a fundação e reconhecimento dos próprios casos.

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Estudo de caso; Pesquisa qualitativa; Representatividade; Replicabilidade; Validade