No seu exercício de imaginação sociológica, Wright Mills (1965 [1959]) dá o exemplo do desemprego para alertar para a necessidade de pensar os problemas não apenas como situação pessoal, no quadro da escala de oportunidades aberta às pessoas individualmente, mas antes como uma questão pública. Face ao colapso da estrutura de oportunidades individuais, Mills argumentava que seria necessário mobilizar a capacidade transformadora da história. Pouco mais de meio século depois, constatamos que as tendências sociais e políticas vão no sentido da individualização do problema do desemprego, enquanto as tradições de pesquisa neste domínio acentuam o indivíduo face ao colectivo, a inércia ao invés da participação ou os constrangimentos em relação às possibilidades. Procurando contribuir para alargar o campo do conhecimento que alimente essa capacidade transformadora, esta comunicação visa apresentar algumas das questões e problemas que se levantam no desenho de uma pesquisa, em curso, sobre “a acção colectiva de pessoas de desempregadas” que adopta o quadro metodológico da investigaçação-acção-participativa (IAP). São abordados os seguintes temas, uns de natureza epistemológica e teórica: o poder e a natureza do conhecimento; o estatuto da investigadora adoptando o quadro metodológico da IAP; as dimensões acção-conhecimento-consciência no estudo das dinâmicas de participação de pessoas desempregadas; a expressão e construção de interesses como questão crítica para análise da participação de pessoas desempregadas; e outros relativos ao desenho da pesquisa: Ciclos e etapas de investigação; Triangulação de métodos; Disseminação de conhecimentos e a aprendizagem colectiva.

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