A imposição de um regime de austeridade como forma de combater a crise da dívida soberana portuguesa teve um impacto severo nos modelos de reprodução social do país: aumento significativo do desemprego, redução dos rendimentos das famílias e dos benefícios sociais, ao mesmo tempo que aumentam as desigualdades salariais e sociais e os índices de pobreza. A instabilidade económica, profissional e social tem potenciado a generalização de um sentimento de incerteza e precariedade que se estende a todas as dimensões da vida da população. Para fazer face à actual falência do Estado social e confrontadas com a diminuição da capacidade dos sistemas estatais de cuidado, as pessoas (re)tomam vias informais para lidar com situações de carência. Nesta comunicação irei discutir os processos através dos quais as relações interpessoais de ajuda e cuidado se tornam centrais para garantir a sobrevivência quotidiana e reflectir sobre as consequências sociais e económicas destas relações no tecido social e na forma como se pensam as obrigações do Estado.

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Crise,Precariedade,Cuidado