Portugal atravessa uma ampla situação de crise económica e social que decorre da aplicação de políticas de rígidas de austeridade. Confrontados com a precarização do mercado de trabalho e com a redução dos apoios estatais aos cidadãos necessitados, as pessoas (re)tomam vias informais para superar as situações de carência em que vivem, criando novas formas de encontrar recursos, novas formas de colaboração e solidariedade. Partindo de um estudo etnográfico sobre as estratégias para sobreviver ao dia a dia em Portugal, esta comunicação vai analisar a forma como as pessoas lidam com a incerteza, com a precarização das suas vidas e as maneiras como conseguem assegurar a sua sobrevivência nessas condições. Sem um salário fixo, e sem trabalhos remunerados só através de estratégias criativas as pessoas se conseguem desenrascar para viver. A criatividade para superar as dificuldades, a gestão quotidiana da incerteza e a importância das relações interpessoais mostram como o desenrascanço como modo de vida tem um papel central nos processos de reprodução social.

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