Nos estudos sobre educação e descendentes de imigrantes a discriminação com base na origem étnica assume um papel central: ela constitui um forte obstáculo à integração e afeta os processos de escolarização. A experiência de discriminação na escola desoculta por isso limites importantes à justiça social na educação. Professoras/es e outros agentes não só têm perceções específicas de justiça social como contribuem para a sua produção e disseminação em ambiente escolar. Como poderão contrariar relações de subordinação e discriminação e contextualizar de forma deliberada e consciente a sua prática educativa no âmbito dos padrões de injustiças sociais prevalecentes? Nesta apresentação pretendemos debater esta problemática refletindo sobre as perceções vigentes sobre a diversidade étnica e racial em ambiente escolar. Examinamos para isso as perceções de filhas/os de imigrantes e diversos atores escolares, a partir de um conjunto de 41 entrevistas realizadas em duas escolas da Área Metropolitana de Lisboa. Os dados apresentados são parte de uma investigação mais vasta, que visou aprofundar o conhecimento sobre as orientações de futuro no final do ensino básico. Trata-se de um estudo multi-método, designado ITEOP- Inquérito às Trajetórias Escolares e Orientações Profissionais, centrado nos processos de escolarização e construção das orientações de futuro de descendentes de imigrantes (Mateus, 2014; Seabra, Mateus, Rodrigues & Nico, 2011). O estudo abrangeu um conjunto extenso de dimensões da experiência escolar e juvenil, entre as quais se encontra a discriminação. Na análise confirma-se a experiência de discriminação entre alunas/os, e a diversidade revela-se, nas perceções dos agentes escolares, como problemática e impactante nos ambientes de escola. Pretende-se com esta apresentação discutir sobre a atualidade e relevância dos dados, e a (re)configuração das expressões de discriminação na educação portuguesa atual.

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Filhos de imigrantes,Educação,Discriminação,Racismo