"Vera Borges começa por colocar em confronto distintos perfis e públicos da cultura, avançando com uma estratégia analítica que beneficia de uma problematização teórica que convoca para debate o argumento da distinção, a pluralidade de pertenças socioculturais e as tendências ao omnivorismo cultural. É nesta matriz teórica que analisa a forma como, entre os inquiridos, se processa a abertura à diversidade das práticas culturais arroladas para análise, sempre que possível recorrendo a comparações internacionais. Os resultados sugerem que os espetáculos que outorgam uma mais elevada distinção – como a dança clássica, a ópera ou os concertos de música clássica – são frequentados por inquiridos com qualificações académicas elevadas e inscrições socioprofissionais que, possibilitando-lhes uma maior diversificação dos seus relacionamentos sociais e culturais, os levam a participar em «metamorfoses da distinção». Quanto às tendências ao omnivorismo, elas encontram-se sobretudo presentes entre os profissionais socioculturais e os inquiridos jovens, com nível de ensino superior, escolaridade parental também superior e rendimentos mais elevados. Os dados analisados sugerem que a propensão a um consumo cultural mais omnívoro por parte dos jovens, em consonância com os resultados de outros estudos europeus, não invalida o peso de outras variáveis sociográficas na estratificação dos consumos culturais e na variabilidade do ecletismo cultural." José Machado Pais

FCG e ICS

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