A maioria das questões políticas contemporâneas têm sido abordadas do ponto de vista da mobilização do conhecimento dos especialistas. Tal convida-nos a refletir sobre uma questão democrática e teórica crucial: até que ponto o papel dos especialistas – isto é, profissionais não-eleitos que aplicam "a particular body of knowledge, skills and techniques to the problems confronting [their] client" (Fischer, 2009, p. 18) – se estende para além dos limites da sua formação profissional, e a sua ação implica um uso estratégico do seu conhecimento e status profissionais? O foco da comunicação – informada por abordagens de análise política construtivistas e orientadas para a prática – será, em grande medida, teórico e metodológico; como esta reflexão se desenvolve no contexto de um projeto de investigação sobre o Programa Especial de Realojamento (PER), os nossos principais interesses de pesquisa apontam para as áreas do planeamento, governança urbana e política habitacional. O papel dos peritos no processo político tem sido amplamente abordado numa perspetiva normativa, visando a identificação de um conjunto de "boas práticas profissionais". No entanto, os especialistas também desempenham um papel menos visível e inerentemente político nesse processo. Embora integrem a arena política devido ao seu domínio sobre alguma forma de conhecimento técnico; a sua ação é também executada através de julgamentos práticos, coalition-building, lobbying e ativismo político e, em geral, do uso estratégico do seu conhecimento e status profissionais. Nesse sentido, a sua contribuição para o processo político deve ser avaliada em função do ambiente sociopolítico em que operam, e de todo o espectro das implicações do seu trabalho.

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policy expertise; ação; conhecimento; teoria da prática; política pública