Talk
Formas de solidariedade e organização dos trabalhadores em Portugal. Entre a crise financeira e a pandemia Covid-19
Isabel Roque (Roque, I.); Renato Miguel do Carmo (Carmo, R. M.); Jorge Caleiras (Caleiras, J.); Rodrigo Vieira de Assis (Assis, R. V.);
Event Title
XII Congresso Português de Sociologia
Year (definitive publication)
2023
Language
Portuguese
Country
Portugal
More Information
Web of Science®

This publication is not indexed in Web of Science®

Scopus

This publication is not indexed in Scopus

Google Scholar

This publication is not indexed in Google Scholar

Abstract
Esta comunicação visa abordar questões relacionadas três importantes aspetos da dimensão política que permeiam a relação entre trabalhadores precários e a estrutura social: participação cívica, ação coletiva e solidariedade. Segundo Santos (2008) existe uma dupla patologia das democracias liberais, onde, por um lado, os indivíduos encontram-se cada vez mais distantes da vida política e dos dirigentes, e, por outro, a sua participação é cada vez mais escassa, decorrente da falta de confiança e credibilidade nos representantes institucionais. O aumento da abstenção eleitoral aumentou consideravelmente como resultado da falta de confiança por parte dos cidadãos nas instituições e na classe política, levando a uma diminuição quantitativa do empenho partidário e da militância sindical. No entanto, os cenários de crise poderão conduzir não apenas a situações de vulnerabilidade e precariedade, mas podem gerar novas formas alternativas de organização, associativismo, e solidariedade, orgânica e não orgânica, através da criação de comunidades intencionais. Durante 2011 e 2013, verificaram-se ondas de protesto e manifestação que juntaram indivíduos de todas os estratos sociais e faixas etárias, que se uniram recorrendo às redes sociais, em prol da luta contra a austeridade e a elevada taxa de desemprego. Em 2020, assistiu-se ao eclodir da pandemia Covid-19 que desvelou e exacerbou situações de precariedade, informalidade e vulnerabilidade dos trabalhadores no mercado de trabalho. A diferenciação entre os trabalhadores essenciais e não essenciais, agudizou as desigualdades sociais, conduzindo a uma luta não apenas pela sobrevivência contra o vírus, mas pela manutenção do vínculo laboral. No entanto, ondas de solidariedade foram criadas entre os mais diversos setores e serviços. Entre 2019 e 2020, foram realizadas 53 entrevistas em profundidade a trabalhadores precários, nacionais e internacionais, de diversos setores de atividade em Portugal, a fim de analisar as suas experiências cívicas e organizativas, sobretudo durante a crise financeira de 2008 e o período da pandemia de Covid-19. Verificou se que em cenários de crise, económica, austeritária e ambiental, os indivíduos não permanecem inativos ou passivos. Os trabalhadores encontram nos movimentos e associações sociais, recursos e formas de manifestar a sua solidariedade e democracia perante problemas e dificuldades no seu quotidiano, pois não se avista um futuro, vive-se no aqui e agora.
Acknowledgements
--
Keywords
Ação coletiva,Covid-19,Movimentos sociais,Participação social,Sindicatos,Solidariedade