Os estudos sobre as grandes organizações, empresas, ou elites profissionais e políticas colocam aos investigadores um conjunto de preocupações de natureza epistemológica, metodológica e processual. Os debates científicos sobre o tema tendem a enfatizar as dificuldades de acesso ao campo de pesquisa e aos objectos de investigação, geralmente numa lógica de desenvolvimento de estratégias que permitam colmatá-las, atenuando o papel do investigador como outsider e permitindo a recolha de informação relevante para a pesquisa. As reflexões sobre a investigação em torno de grandes organizações e elites profissionais têm vindo, no entanto, a considerá-la cada vez mais como um processo social complexo, no qual se jogam relações de poder significativas, e onde o papel dos inquiridos ou entrevistados ultrapassa o de meros detentores de informação útil para o investigador. Neste sentido, às habituais questões de acesso e permanência no terreno, juntam-se outros desafios, nomeadamente de análise e interpretação de discursos e narrativas institucionais e do próprio processo de interação entre investigador e objectos de estudo. Recorrendo a casos concretos de pesquisa no campo, nesta comunicação apresentamos alguns dos desafios epistemológicos, metodológicos e processuais que se colocam ao estudo de grandes empresas e de elites profissionais. Para além de uma reflexão sobre as estratégias para aceder às empresas e para garantir níveis de colaboração satisfatórios, propomos uma discussão sobre as dificuldades de análise de discursos e narrativas institucionalizadas pelas organizações ou grupos profissionais, geralmente associadas à imagem pública que os entrevistados querem transmitir da empresa ou da profissão. Centraremos a atenção nos métodos de investigação intensivos, procurando relacionar estes desafios metodológicos às dinâmicas de poder que se estabelecem em contexto de entrevista.

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reflexividade; grandes empresas; elites; pesquisa de terreno; métodos qualitativos