Apesar de haver uma crescente presença de estudantes ciganos/as na escola pública, raramente as suas vozes são escutadas, nomeadamente, pouco se sabe sobre as suas experiências escolares. As famílias e, sobretudo, os pais também são raramente auscultados. Paralelamente, acresce que a pesquisa comparativa com outros jovens não-ciganos/as caracteriza-se por ser igualmente escassa (Bhopal e Myers, 2009; Zachos e Panagiotidou, 2019). Tendo em conta a literatura científica sobre as perceções dos/as professores/as perante os/as alunos/as ciganos/as, importa abordar de forma sucinta algumas premissas em que assentam alguns equívocos ou até falácias em torno da relação entre os/as ciganos/as e a escola. Primeiramente, e no que se refere ao insucesso escolar dos estudantes ciganos/as, as abordagens teóricas dividem-se basicamente em duas perspetivas: as que presumem que a desigualdade é desencadeada por características dos/as estudantes pertencentes a minorias (e dos seus pais e/ou comunidades), versus as que enfatizam as características institucionais e os discursos dominantes (Brüggemann e D’Arcy, 2017). Com efeito, várias pesquisas realizadas em contexto nacional (Mendes, Magano e Costa, 2020) e internacional evidenciam claramente que os/as professores/as tendem a desresponsabilizar-se pelos resultados escolares dos/as estudantes ciganos/as, transferindo essa responsabilidade para os/as próprios/as estudantes e para os seus pais. Todavia, quase nunca questionam ou colocam em causa fatores associados ao seu papel como professor/a (Gimenez Adelantado, Piasere e Liegeois, 2002; Pecek, Cuk e Lesar, 2008; Carmona Santiago et al., 2019).

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