Durante a última década, a necessidade de adaptação às políticas europeias estimulou, também em Portugal, a construção de um sistema de prevenção e combate ao tráfico de seres humanos (TSH) e de assistência aos migrantes traficados. A mobilização institucional sobre a questão ocorreu a partir de uma imagem da “vítima” enquanto mulher, estrangeira, explorada sexualmente, e uma leitura do TSH como um problema de violência de género. Qual foi o papel das organizações feministas na promoção dos direitos das mulheres traficadas? Qual é atualmente a experiência das organizações da sociedade civil na assistência e na reintegração das migrantes traficadas? Quais são as chances de que mulheres (e homens) traficados se afastem da sua condição de “vítima” na direção de um movimento anti-tráfico? O artigo pretende responder a estas perguntas a partir de uma experiência de pesquisa prolongada, baseada na integração da observação científica com a recolha de entrevistas qualitativas com mulhe-res (e homens) traficados, bem como com organizações governamentais e não-governamentais e órgãos de polícia criminal.

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Tráfico de seres humanos,Mulheres migrantes traficadas,Movimento anti-tráfico