O discurso arquitetónico para o qual aludimos neste ensaio, não tem a pretensão de terminar com desequilíbrios patenteados por análises arquitetónicas, que, nos últimos cinquenta anos, contribuíram para a construção de uma historiografia canónica portuguesa (1973-2015). A revisão historiográfica que nos permitiu entender o lugar do sistema construtivo, na estrutura do discurso canónico, acabou por revelar os recursos, e os tipos de narrativa que lhes deram suporte. A desconstrução operacionalizada, expôs assim um conjunto de caraterísticas que acabaram por dificultar a valorização do contributo do sistema construtivo, nos processos de conceção arquitetónica. O discurso arquitetónico que construímos para contrariar essa tendência, procurou desvincular-se de valores de carácter abstrato e teórico, para aproximar os leitores de valores existenciais e da prática da arquitetura. Esta aproximação às estruturas arquiteturais da disciplina, conduziu-nos, assim, a um discurso, que procurou afastar-se de juízos decorrentes de uma análise crítica, de narrativas de estilo ou de autor, de textos de natureza teórica ou ideológica, de considerações de índole culturalista, e introduzir, sempre que possível, obras e arquitetos omitidos pelos relatos históricos de referência. Os contributos que o discurso arquitetónico do sistema construtivo, procurou trazer para a historiografia da arquitetura portuguesa do século XX, aproximam-se deliberadamente de uma história, cuja ligação ao concreto, decorre da prática de projeto e de uma relação direta com a obra, ou seja, de uma história arquitetónica da arquitetura, a história para a qual Pedro Vieira de Almeida apelava, em 1986, no volume “A Arquitetura Moderna”.

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