Nos últimos decénios o tráfico de seres humanos e, em particular, o tráfico de mulheres para exploração sexual, tornou-se uma significativa preocupação internacional. O problema tem capturado a atenção de inúmeros estados e organizações não governamentais, além de ter sido considerado como uma das prioridades na agenda de várias agências internacionais. Ativistas, comunicação social e celebridades têm contribuído para chamar à atenção sobre o tema. Entretanto, debates ferozes acerca da natureza da prostituição e a sua relação com o tráfico dividem estudiosos e ativistas. A prostituição e o tráfico para exploração sexual são algumas das questões relacionadas com a sexualidade e as atividades sexuais que animam uma “guerra sexual” e dividem os diferentes feminismos. O artigo propõe uma reflexão sobre o tráfico de seres humanos e os conflitos e desafios conceituais, políticos e de intervenção colocados pelas leituras opostas sobre a venda de sexo e por um paradigma securitário na gestão da mobilidade humana. A reflexão parte de uma extensa pesquisa qualitativa que contou com uma primeira experiência de observação científica numa casa de abrigo para mulheres traficadas em Portugal, assim como com a recolha de entrevistas qualitativas com pessoas traficadas, organizações governamentais e não-governamentais, e órgãos de polícia criminal.

--

Tráfico de seres humanos,Trabalho sexual,Migraçoões