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Parentalidade adolescente e jovem: percursos, contextos e experiências (Conference abstracts)
Filomena Santos (Santos, Filomena); Filipa Varandas (Varandas, Filipa);
Event Title
XI Congresso Português de Sociologia: Identidades ao Rubro, Diferenças, Pertenças e Populismos num Mundo Efervescente. Secção Temática Famílias e Curso de Vida
Year (definitive publication)
2021
Language
Portuguese
Country
Portugal
More Information
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Abstract
O adiamento da maternidade e a diminuição dos nascimentos em idades adolescentes e jovens fazem parte de um movimento de modernização da sociedade portuguesa com impacto na crescente pluralidade de arranjos familiares e na diversificação dos modos de viver a conjugalidade e a parentalidade. Muito embora estas tendências de modernização da vida familiar não sejam uniformes, os portugueses têm hoje menos filhos e estes são adiados para idades menos jovens, à semelhança do que acontece noutros países europeus. No nosso caso, a limitação da descendência leva alguns autores a classificarem a sociedade portuguesa como uma sociedade de filho único (Cunha, 2012). As razões para a limitação do número de filhos resultam de uma variedade de factores intercruzados, entre eles, a forte presença das mulheres portuguesas no mercado de trabalho e o reforço da autonomia feminina, o ideal e a melhoria da condição social da infância, novos padrões de exigências sociais em torno do exercício da parentalidade e, ainda, o prosseguimento de estudos longos por um número crescente de jovens, rapazes e raparigas. A todas estas dinâmicas - a que Almeida (2016) chama “o lado solar” da queda da fecundidade- vêm juntar-se outras menos “solares”, tais como as dificuldades de conciliação entre trabalho e família, as políticas públicas (ou a sua escassez) de apoio à parentalidade e à conciliação, os baixos salários de uma parte significativa das famílias portuguesas, a precariedade laboral e a incerteza quanto ao futuro profissional que afectam especialmente os jovens e adultos jovens. Já sem falar, nos anos mais recentes, dos efeitos da recessão económica e das políticas de austeridade nos nascimentos (Sobotka, 2019). Apesar das estatísticas indicarem uma redução acentuada da fecundidade adolescente e jovem (até aos 25 anos), sobretudo a partir dos anos 2000 (Mendes, 2012), a que não é alheio o facto das raparigas terem projectos de vida que, à semelhança das mulheres mais velhas, as levam a adiar a maternidade, a temática da parentalidade jovem continua actual. Vários estudos, realizados dentro e fora do contexto português, indicam que a maternidade e a paternidade adolescente e jovem é um fenómeno socialmente localizado. Partimos então da assunção que a gravidez precoce e as experiências da parentalidade jovem revelam a persistência das desigualdades sociais e de género nos processos diversificados de transição dos jovens para a vida adulta. A presente comunicação centrar-se-á nos principais resultados de uma pesquisa, conducente a uma dissertação de mestrado, que pretendeu analisar os percursos biográficos dos jovens (antes e após a entrada na parentalidade), tendo em conta, fundamentalmente, as suas origens e trajectórias familiares, escolares e profissionais. Em termos metodológicos optámos por uma pesquisa qualitativa, com recurso a entrevistas biográficas, mais adequada para captar percursos de vida, motivações, razões, sentimentos e experiências subjectivas, privilegiando a relação aprofundada com os actores sociais.
Acknowledgements
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Keywords
Parentalidade adolescente e jovem,desigualdades sociais e de género,transição para a vida adulta,percursos biográficos.