Em finais dos anos 80 realizei um trabalho de campo de longa duração (cerca de 18 meses) durante o qual tive como principais interlocutores crianças de uma aldeia portuguesa. Mais tarde, em meados dos anos 90, voltei a trabalhar com e sobre crianças em outra aldeia (Reis . Em ambos os casos a pesquisa centrou-se, entre outros tópicos, nos processos de aprendizagem e socialização entre pares, com destaque para as situações de jogo. Nesta comunicação retomo essas experiências de trabalho etnográfico e revisito alguns dos materiais de campo (diários, fotos ,mapas, diagramas, etc.) para reflectir sobre as estratégias metodológicas que foram usadas para levar a cabo a pesquisa. Procederei a uma tentativa (crítica) de classificação das várias estratégias e procedimentos de acordo com o papel e grau de envolvimento que investigador e crianças são chamados a desempenhar, num eixo que vai da observação não participante, à elicitação, e, no extremo oposto do eixo, situações de criação de atividades “laboratoriais” com as crianças. A comunicação conclui com uma reflexão sobre a variabilidade de estratégias possíveis de pesquisa etnográfica com e sobre crianças, as vantagens e desvantagens de combinação de metodologias de trabalho e as implicações de natureza ética e deontológica envolvidas.

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antropologia da infância; etnografia; metodologia