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Políticas para um desenvolvimento sustentável: sucessos passados e desafios para o futuro
Helge Jörgens (Jörgens, H.);
Event Title
Seminário Internacional "Alimentação, Saúde e Ambiente: Sustentabilidade e Desafios"
Year (definitive publication)
2018
Language
Portuguese
Country
Portugal
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Abstract
A política ambiental das últimas décadas é, à primeira vista, uma história de sucesso. Desde os anos 70 do século passado, os estados membros da União Europeia têm vindo a desenvolver as suas capacidades institucionais para a formulação e implementação de políticas do ambiente e de desenvolvimento sustentável. Como consequência, a qualidade do ambiente aumentou signitivamente em Portugal e na Europa desde os anos 70 até hoje, especialmente no que diz respeito à qualidade do ar e das águas, ao tratamento e de águas residuais, ou à reciclagem de resíduos urbanos ou industriais. A estratégia política que esteve à base deste desenvolvimento é a “modernização ecológica”. Tal como o conceito do desenvolvimento sustentável, a modernização ecológica baseia-se na ideia que a proteção do ambiente e dos recursos naturais é compatível com o crescimento económico. O objectivo da modernização ecológica é aumentar a eco-eficiência dos sistemas de produção tal como dos produtos e serviços. As respectivas políticas visam, por exemplo, reduzir o consumo de combustível dos automóveis ou o gasto de recursos na produção industrial. Mas cada vez mais o efeito dessas políticas é neutralizado pelo crescimento absoluto na produção e no consumo de bens e serviços. Apesar do sucesso das energias renováveis, as emissões de dióxido de carbono e outros gases de efeito estufa aumentam em todo o mundo. A acumulação de substâncias tóxicas nos solos continua, embora a um passo reduzido. E o crescimento exponencial dos transportes individuais ou do consumo privado traz consigo uma multiplicidade de impactos ambientais que não são compensados pelo aumento da eco-eficiência. Torna-se cada vez mais visível que a estratégia da modernização ecológical chegou aos seus limites. Discutem-se novos conceitos como o decrescimento (de-growth) ou pós-crescimento (post-grow). Estes conceitos têm em comum a sua enfâse numa estratégia de suficiência, isto é, a redudução absoluta da produção e do consumo de bens e serviços. Estratégias de suficiência, ou de “civilização ecológica” materializam-se em estilos de vida e padrões de consumo ecologicamente sustentáveis que, neste momento, recebem muita atenção nos debates públicos e políticos. Na minha conferência argumentarei que uma política de suficiência enfrentará obstáculos significativamente maiores do que a anterior estratégia da modernização ecológica. A principal diferença é que os incentivos para um comportamento ecológico são predominante imateriais e não, como no caso da modernização ecológica, de natureza monetária. Como tal, o comportamento ecológicamente sustentável das pessoas depende em grande parte do comportamento e reconhecimento dos seus pares. Consequentemente, a “civilização ecológica” sujeita-se muito menos ao controlo político do que a estratégia anterior de modernização ecológica. Conclui-se que o papel necessáriamente limitado do estado e da política na civilização ecológica aumentará a probabilidade duma “Modernização Ecológica 2.0” baseada na biotecnologia e na geoengenharia – um “admirável mundo novo” da ecologia.
Acknowledgements
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Keywords
Desenvolvimento Sustentável,Política do Ambiente,modernização ecológica,eco-eficiência,suficiência,estilos de vida sustentáveis

With the objective to increase the research activity directed towards the achievement of the United Nations 2030 Sustainable Development Goals, the possibility of associating scientific publications with the Sustainable Development Goals is now available in Ciência-IUL. These are the Sustainable Development Goals identified by the author(s) for this publication. For more detailed information on the Sustainable Development Goals, click here.