A investigação qualitativa com populações vulneráveis obriga a uma forte componente ética no desenvolvimento da pergunta e metodologias de investigação. No âmbito de um projeto de doutoramento focado em populações indígenas e afrodescendentes na Colômbia, acolhido por duas instituições (uma em Portugal, e outra na Colômbia), foram traçados dois procedimentos éticos semelhantes, mas distintos, a partir das normas de cada uma destas universidades. Enquanto em Portugal, o processo foi sobretudo institucional, assumindo protocolos como a anonimização e privacidade de dados, o consentimento informado, e a garantia do bem-estar da população participante; na Colômbia, a consulta prévia é um procedimento obrigatório para o desenvolvimento de um projeto de investigação com populações indígenas. Nesta consulta, o projeto é apresentado a associações representantes das comunidades, que devem ter a possibilidade de rever os objetivos e metodologias da investigação. Esta comunicação visa discutir as diferenças e similaridades entre os procedimentos éticos em investigações com populações vulneráveis na Colômbia e em Portugal, que surgem a partir dos diferentes contextos sociais e históricos que formam estas categorias em cada país. Incidir-se-á particularmente na experiência da consulta prévia como um procedimento que permite uma participação mais ativa e horizontal destas populações em investigações académicas.

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