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Práticas musicais e percursos urbanos: explorando sonoridades migrantes no Bairro Alto
Ricardo Bento (Bento, Ricardo); Lígia Ferro (Ferro, L.); Graça Índias Cordeiro (Cordeiro, Graça Índias);
Título Revista/Livro/Outro
IX Congresso da Associação Portuguesa de Sociologia. "Portugal, Território de Territórios", Faro, Portugal
Ano (publicação definitiva)
2016
Língua
Português
País
Portugal
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Abstract/Resumo
A cidade de Lisboa tem sido recentemente atravessada por distintos fluxos migratórios e turísticos que modelam as diferentes visões da sua configuração urbana. As relações históricas de colonialismo e de interconhecimento cultural interligam-se entre as nações onde o idioma português é reconhecido oficialmente como a principal língua das comunidades educativas, literárias e políticas. Estas e outras afinidades culturais e sociais permitiram a cooperação em diversos mundos artísticos, a partir dos quais os artistas desenvolveram parcerias, técnicas e práticas musicais sem esquecer a singularidade das origens formais e populares dessas múltiplas manifestações. Pretendemos discutir nesta comunicação um conjunto de relatos biográficos que se intersetam com a mobilidade espacial e as experiências migratórias de músicos brasileiros que circulam no contexto urbano da cidade de Lisboa. Esta proposta parte de uma curta pesquisa de terreno, conduzida entre Janeiro e Maio de 2015, sobre a prática da “música popular brasileira (MPB)” num conjunto de bares e restaurantes do Bairro Alto, em Lisboa, no âmbito do projeto “O trabalho da arte e a arte do trabalho: circuitos criativos de formação e integração laboral de imigrantes em Portugal”, coordenado por Lígia Ferro e Otávio Raposo. Sabendo que a circulação de músicos de origem brasileira em Portugal tem sido uma constante desde a segunda metade século XX até aos dias de hoje, que estes músicos constituem uma parcela significativa da imigração brasileira para Portugal e que os bares continuam a ser um dos palcos mais procurados para trabalhar, o nosso objetivo é discutir o modo como os percursos trilhados por estes artistas imigrantes se conjugam para alcançar a busca de uma realização artística e de reconhecimento público. Usando as noções de circuito e carreira como forma de analisar os percursos de mobilidade espacial na sua relação com a mobilidade social destes músicos, procuramos entender o modo original como o exercício da prática musical desenvolve toda uma intensa sociabilidade onde o trabalho e o lazer se misturam. Partindo desta evidência empírica, o presente texto propõe uma reflexão sobre a experiência de um pequeno grupo de músicos imigrantes brasileiros que vivem, atuam e circulam numa pequena área central da cidade de Lisboa, no Bairro Alto, transformando a paisagem sonora mais emblemática desta área fortemente turística da cidade. Um dos pontos da análise relaciona-se com o modo como são negociadas fronteiras de alteridade cultural, social, política e económica, tendo em conta as experiências migratórias destes artistas. Outro eixo de análise detém-se nos modos como as práticas destes músicos se interligam com as convenções e formas de poder que organizam a cartografia da cidade, encontrando nas redes e nas associações as possibilidades destas mediarem as imposições externas de indústrias e produtores culturais.
Agradecimentos/Acknowledgements
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Palavras-chave
músicos brasileiros; migrações; mobilidade espacial; Bairro Alto