Sindicalismo, sexismo, separatismo: o caso das operárias conserveiras de Setúbal no dealbar do século XX
Event Title
Trabalho (no) Feminino: Percursos e Geografia
Year (definitive publication)
2022
Language
Portuguese
Country
Portugal
More Information
--
Web of Science®
This publication is not indexed in Web of Science®
Scopus
This publication is not indexed in Scopus
Google Scholar
This publication is not indexed in Google Scholar
This publication is not indexed in Overton
Abstract
Perrot (1978) e Schweitzer (2002) sublinham que as mulheres sempre trabalharam, trabalho que só nas últimas décadas foi tornado visível, não só no estrangeiro, mas também em Portugal, com as obras de Baptista (1999, 2016).
O mesmo sucede com a sua participação no processo histórico. Se Virginia Woolf proclamou, num conhecido ensaio de 1929, a necessidade de se reescrever a História para que às mulheres fosse dado o destaque a que tinham direito, somente seis décadas depois, como notou Scott (1983), é que as prateleiras das livrarias e das bibliotecas começaram a estar relativamente bem guarnecidas com obras realçando o papel da mulher na história.
A “militância no feminino”, tradicionalmente menos intensa, ao ser travada por factores de ordem social, económica e cultural, esteve durante muito tempo igualmente envolta no silêncio, tendo sido necessário esperar pelos últimos trinta anos para que as ciências sociais começassem a interessar-se por ela, assistindo-se a um considerável incremento na investigação, abrangendo um conjunto diversificado de temáticas. Este silêncio é ainda mais profundo em Portugal, encontrando-se as mulheres praticamente ausentes das obras dedicadas às associações operárias e seus militantes, sejam ou não produzidas na academia. Esta constatação abrange os vários períodos históricos, constituindo raras exceções as obras de Baptista (2012), sobre as associações mutualistas, ou de Alves (2013, 2020) sobre os sindicatos.
Nos alvores do século XX, instalaram-se em Setúbal inúmeras fábricas de vários ramos de atividade. Em particular, da indústria de conservas, onde as mulheres eram segregadas para os trabalhos menos qualificados e impedidas de pertencer à Associação de Classe dos operários de ofício. Como reação, adotaram uma estratégia de separatismo (Briskin, 1998), fundando a sua própria associação e empreendendo formas de ação coletiva, como a greve de 1911.
Baseando-se em análise documental, esta comunicação é um contributo para tirar da sombra o trabalho das mulheres e a sua participação sindical. Centra-se sobre as operárias conserveiras de Setúbal, o seu trabalho, as condições em que era prestado e de que deram conta em publicações operárias da época, bem como sobre a Associação de Classe das Operárias das Fábricas de Conservas de Peixe de Setúbal.
Acknowledgements
--
Keywords
Mulheres,Trabalho,Indústria de conservas,Sindicatos,Militância
Português