Projetos de Investigação
Governação, transformações políticas e negociação de quotidianos: Portugal 2008-2018
Na última década, Portugal teve três governos diferentes com orientações políticas e propostas para organização legislativa muito díspares. Cada um deles reivindicava o início de um processo de política transformadora que teria um impacto positivo na sociedade portuguesa. Nesse sentido, as políticas sociais e a legislação sobre trabalho, saúde, educação, habitação e segurança sofreram alterações profundas a cada mudança legislativa, o que teve diferentes repercussões tanto nas instituições que as implementam como nas vidas das pessoas. Além disso, a crise económica gerou uma crise no modelo europeu, condicionando a reprodução social e questionando os modelos de redistribuição das três escalas de interação social: macro (mercado, Estado), meso (instituições mediadoras e atores) e micro (redes familiares e sociais). LIVEPOLITICS pretende analisar a forma como essas mudanças afetam e condicionam os processos de tomada de decisão e o funcionamento quotidiano das instituições, bem como as experiências pessoais e sociais dos cidadãos e os seus planos para o futuro. Numa análise detalhada sobre os modos como os diferentes atores e sectores da sociedade experienciam a legislação e as políticas através das diversas instituições, este projecto foca-se nas formas como as pessoas experienciam nos seus quotidianos as políticas que as governam e a forma como as implementam e negoceiam no âmbito de economias morais. O projeto irá desenvolver-se em três dimensões principais: 1) Estratégias de sobrevivência e superação de quotidianos; 2) Grassroots economics: sua definição, regimes de valor e cuidado, interpretações de crise e sua superação; 3) Políticas públicas, desde a sua concepção, implementação e impacto nas instituições e cidadãos. Pretende-se reflectir sobre o modo como ao longo de uma década de profundas mudanças de políticas sociais, diferentes sectores da sociedade portuguesa as experienciam nos seus quotidianos através da sua relação com as instituições estatais, num con...
Informação do Projeto
2018-09-01
2022-08-31
Parceiros do Projeto
Segurança Humana na prisão: perspectivas, subjectividades e experiências - um contributo para a antropologia da segurança
Pela sua natureza e função, a prisão é um lugar onde questões relacionadas com segurança assumem um papel central. Esta omnipresença, no entanto, não faz desaparecer a ambiguidade que caracteriza o próprio conceito de segurança. Enquanto parte do Desafio "Human Security and Public Administration", ao longo de 12 meses de trabalho de campo em 11 prisões portuguesas (num total de 49), este projecto procura contrastar diferentes perspectivas, percepções subjectivas e experiências relacionadas com a esfera abrangente da segurança humana que podemos encontrar no espaço carceral, em particular as que respeitam a: 1) diferenças sobre as percepções da segurança em espaços abertos e confinados; 2) estratégias de segurança e protecção dentro e fora de muros; 3) concepções de direitos civis, justiça e cidadania; 4) percepções de segurança no quotidiano e nas relações pessoais e familiares; 5) segurança ontológica em termos de bem-estar, cuidado, acesso a actividades ocupacionais; o impacto do contexto fora da prisão nas condições diárias vividas dentro de muros. Neste projecto são abordados vários dos intervenientes envolvidos no sistema prisional - reclusos, guardas, técnicos, directos - equacionando a multiplicidade de temáticas implicadas nesta área emergente da antropologia, a antropologia da segurança. O seu contributo vai no sentido de considerar o conceito de segurança em si mesmo, os seus significados, como é compreendido e interpretado por actores muito particulares: aqueles que estão directamente envolvidos e são sujeitos nas práticas e políticas de segurança.
Informação do Projeto
2015-06-01
2018-01-01
Parceiros do Projeto
O cuidado como factor de sustentabilidade em situações de crise
O conceito de cuidado tem sido utilizado em Antropologia para abordar o tratamento de situações de privação e problemas de saúde por vias que incluem a provisão do Estado aos cidadãos mas não se limitam a ela (Benda-Beckmann 1988). Na existência relacional quotidiana, cuidado é referido em sentido lato para descrever processos e sentimentos entre pessoas que cuidam umas das outras em várias dimensões da vida social e que não se encontram necessariamente em situações de carência. Para o ser humano, ser enquanto pessoa significa estar com outros, cuidar e ser cuidado, pressupor um envolvimento prático e emocional. Cuidado é uma disposição motivacional para exprimir ideologias morais do bem e do justo. É portanto frequentemente através da metáfora do "cuidado" que são expressas preocupações morais acerca de uma existência ideal num mundo com desigualdades profundas e pessoas necessitadas. Cuidado tem também um significado moral: assente na atenção e na dedicação ao outro, tem implícito o reconhecimento do outro por relação à própria existência, tornando-se assim um elemento constitutivo do laço social. Tendo em conta este quadro, e focando o caso português, o projecto propõe uma abordagem inovadora que combina o significado de factores económicos com uma ênfase na fenomenologia. Como respondem as pessoas a situações de crise de modo a criarem para si próprias, para aqueles que as rodeiam e para o mundo em que vivem uma existência sustentável? Como expressam ou criam as práticas de cuidado sentimentos de vergonha, cuidado, dependência, compaixão, solidariedade, moralidade, dignidade e auto-estima? Quais os critérios que regem o impulso para cuidar dos outros: nacionalidade, grupo de pares, parentesco ou ideologia? Como se intersectam o "mercado" (os interesses económicos materiais) com interesses como sejam criar um sentimento de pertença, cumprir um dever moral, adoptar uma posição política, responder a um chamamento religioso, acrescentar sentido à própria vida? Portu...
Informação do Projeto
2012-02-01
2015-07-31
Parceiros do Projeto