Na Mouraria: Património, (in)seguranças e imaginários urbanos no centro histórico de Lisboa
NaMoura utiliza a Mouraria de Lisboa como o prisma para investigar as pouco estudadas interligações das geografias do património e da segurança no mundo urbano. Como é que o património e a segurança se alinham e interagem para informar a imaginação e a construção das cidades? O projeto aborda esta questão: a) revisitando material de arquivo e estudos sobre o bairro à luz dessa nova questão de investigação; e b) abordando etnograficamente o desdobramento discursivo e material do património e da segurança, tal como é vivido e sentido por uma variedade de pessoas. NaMoura testa e completa as intuições teóricas e as lentes analíticas que emergiram do trabalho da PI na Índia urbana num terreno empírico diferente, no sul da Europa. As percepções da Mouraria - um epítome de dinâmicas urbanas contemporâneas inquietantes (por exemplo, migração, turistificação, gentrificação, regeneração) em que tanto a segurança como o património desempenham papéis decisivos mas negligenciado - contribuirão para teorizar de novo o património e a segurança, como processos urbanos interligados.
Informação do Projeto
2023-11-01
2024-10-31
Parceiros do Projeto
Energo-Geografias Emergentes e Mobilizações Políticas no contexto da Transição Verde: Uma Abordagem Antropológica
No quadro dos atuais debates globais sobre mudanças climáticas, sustentabilidade e transição energética, a mudança de uma indústria “carbon-based” para uma indústria de energia verde parece inevitável. Enquanto os apelos e resoluções para acabar com os combustíveis fósseis chegam lenta e irregularmente à diplomacia global (ver, por exemplo, o COP26), a mudança para a eletrificação e digitalização dos setores industrial, de comunicação e transporte está a criar uma dependência global crescente da extração e processamento de novos recursos. É o caso, por exemplo, do lítio (muitas vezes apelidado de “óleo do futuro”) e do grafite, componentes essenciais para a fabricação de baterias para telemóveis, computadores e carros elétricos, por exemplo. Ao mesmo tempo, ‘tecnologias limpas’ como hidrogénio verde, gás natural liquefeito ou renováveis se apresentam como caminhos seguros para a descarbonização e redução de GEEs. Tais transformações, embora sejam no geral passos positivos para a sustentabilidade energética e adaptação às mudanças climáticas, estão a gerar novos pólos industriais, novas relações económicas complexas e mobilizações políticas com consequências sócio-ambientais que precisam ser mapeadas e estudadas a partir de uma perspetiva das ciências sociais. Falamos especificamente dos impactos ambientais da nova indústria energética das suas articulações materiais e infraestruturais, dos conflitos sobre propriedade e uso da terra, das articulações políticas (público-privadas), das oportunidades laborais e comerciais, etc. Desde este ponto de vista, observa-se a emergência de uma nova geografia da energia, que complexifica as tradicionais cartografias de poder baseadas em distinções Norte-Sul pós-coloniais. Isto é ilustrado pela crescente centralidade política de tais indústrias, tanto em termos de diplomacias transnacionais – ver, por exemplo, o papel dos oleodutos Nord Stream no atual conflito Rússia-Ucrânia– como na criação de novas zonas de conflito devido aos ...
Informação do Projeto
2023-03-01
2026-02-28
Parceiros do Projeto
- CRIA-Iscte - Líder
- Instituto Superior de Ciências de Educação da Huila - (Angola)
- Kaleidoscópio - (Moçambique)
Paisagens de terror, violência e patrimónios forenses no espaço lusófono pós-colonial
Esta proposta destina-se ao desenvolvimento de uma agenda de investigação sobre a forma como a violência se inscreve nos regimes de memória/património, tendo como enquadramento empírico os desdobramentos históricos e sociopolíticos dos projetos imperiais e do Estado Novo portugueses e as trajetórias pós-coloniais da articulação CPLP/PALOP. Em linhas gerais, estamos interessados em estudar os vestígios materiais, estéticos e epistemológicos da violência colonial e pós-independência (ou 'escombros', nas palavras de Ann Stoler 2013) no contexto contemporâneo, mas propomo-nos a fazê-lo a partir do ângulo específico de como certos espaços que outrora foram locais de violência política e terror – em suas diferentes formas biopolíticas de confronto, perseguição, massacre, exploração, miséria, etc. – são semantizados no espaço contemporâneo de articulações patrimoniais pós-coloniais. Neste quadro, observamos que diferentes momentos da história colonial e autoritária que ligou Portugal e as suas ex-colónias foram alvo de apropriações e discursos patrimoniais e de memória muito diversos no quadro cultural e político pós-colonial da CPLP: de a memorialização oficial e pública de prisões como Aljube e Peniche em Portugal, São Nicolau ou São Paulo em Angola ou Tarrafal em Cabo Verde, aos casos menos visíveis e mais problemáticos de fomes graves em Cabo Verde e Moçambique, ou os massacres de Pidjiguiti em Bissau (1959), Wiriamu em Moçambique (1972), ou dos Kuvale em Angola (1940-1) – ou violências pós-independência como o 27 de maio de 1977 em Angola, etc. de herança e memorialização? Como é que esta “diplomacia patrimonial” específica do CPLP/PALOP tem lidado com a perícia da violência colonial? Como a violência pós-colonial moldou percepções e memórias de passados violentos? Qual é o processo de inscrição material, semântica, estética, arquitetónica e paisagística desses regimes? Como essas mobilizações patrimoniais são recebidas, acomodadas ou contestadas pelos habitantes...
Informação do Projeto
2023-01-01
2023-12-31
Parceiros do Projeto
Ativismos Energéticos na Interseção entre Desastres Ambientais e Desenvolvimento In/Sustentável no Sul Global
Este plano de investigação propõe uma agenda de investigação sobre o impacto das estratégias de desenvolvimento sustentável face ao crescimento económico, oferecendo um estudo empírico longitudinal da questão da sustentabilidade ambiental no Sul Global, com particular enfoque na África lusófona e na América do Sul, e como eles conjugam a vulnerabilidade ambiental (secas, inundações, poluição) com a adoção da Agenda 2030 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e, ao mesmo tempo, promovem projetos de desenvolvimento extrativista de grande escala (por exemplo, petróleo, gás natural liquefeito e hidrocarbonetos, mineração) com impacto ambiental. Como é que os governos, a sociedade civil e as agências de desenvolvimento entendem e lidam com o conflito entre as expectativas e desejos de desenvolvimento decorrentes dos empreendimentos extrativistas emergentes e, por outro lado, as catástrofes induzidas pelas mudanças climáticas induzidas pelos combustíveis fósseis? Quais são as estratégias para a produção de consenso social que estão sendo desenvolvidas em nome dos atores e quais são as reações por parte das comunidades afetadas por ambos os processos, bem como pela sociedade civil em geral? Em que termos a sociedade civil se está a mobilizar em resposta – por exemplo, invocando conhecimento indígena e/ou redes transnacionais?Em resposta, promovemos o conceito de “ativismos energéticos” como marco para o estudo das mobilizações cívicas contemporâneas na intersecção de preocupações ambientais e demandas por energia e economia sustentável como direitos fundamentais de cidadania e soberania.
Informação do Projeto
2022-09-01
2028-08-31
Parceiros do Projeto
- CRIA-Iscte - Líder