Os habitantes das cidades terão de abdicar de alguns confortos para existir um urbanismo mais amigo do ambiente. É a convicção da arquiteta João Lages, investigador do ISCTE. Esta especialista defende a plantação de mais árvores nas cidades e acredita que a pandemia veio ajudar a acelerar a transição para um estilo de vida mais sustentável.Declarações de Joana Lages, arquiteta.

"Por Portas e Janelas" é um programa sobre arquitectura agora pela voz das principais instituições que a mostram e discutem em Portugal. No quarto episódio de "Por Portas e Janelas", voltamos ao ciclo de conversas sobre a questão da habitação através da exposição Habitar Lisboa apresentada no Centro de Arquitectura/Garagem Sul do MAC/CCB, mas agora sobre um retrato da situação actual, mapeando a tão chamada "crise da habitação" em que vivemos.  Joana Pestana Lages, investigadora do Centro de Estudos Socioeconómicos e Territoriais do ISCTE, é peremptória quando nos diz que a crise da habitação actual é uma crise de acesso à habitação, o que naturalmente coloca em evidência outras crises, algo que vai muito para além da falta de fogos, como a alteração demográfica, o alojamento local, os salários baixos e a situação financeira global. 

Em Portugal, o modelo ainda não é uma solução, mas investigadores do Iscte creem que há condições para avançar. São precisas verbas e vontade política

Conversas que levantam questões centrais e pertinentes para a reflexão da crise da habitação e quem sabe para acção. Começamos por conversar com a investigadora do Centro de Estudos Socioeconómicos e Territoriais do ISCTE, Joana Pestana Lages, que se debruça sobre isso mesmo e sobre os fenómenos estruturais que impactam na habitação, trazendo uma comparação internacional com Portugal. Já João Ferrão, geógrafo, parte do caso holandês para sublinhar o impacto da cultura na habitação e nas cidades.

Os temas da Cimeira da Grande Lisboa, que ainda está a decorrer, vão ser debatidos aqui na emissão da SIC Notícias com Joana Pestana Lajes, investigadora em precariedade habitacional do Iscte, Suzana Garcia, advogada e candidata do PSD à CM da Amadora, Hugo Santos Ferreira, presidente Associação Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários e Flávio Almada, Movimento "Vida Justa".

Habitações ilegais começaram a ser feitas no Talude nos anos de 1970. Quem o conhece diz que é um lugar por resolver, até porque a área das construções continua “interditada a qualquer edificação

A investigadora Joana Pestana Lages está a estudar as políticas de habitação como recurso na integração após a prisão. “Para pessoas que já estiveram privadas de liberdade, ter um emprego estável, permanecer sóbrio ou recuperar vínculos familiares depende, repetidamente, da garantia de uma habitação adequada”, diz. Através de um projecto radicado em Portugal, na Bélgica e na Noruega, o desafio é perceber como apoiar a reintegração e diminuir o estigma e a reincidência criminal através de políticas de habitação. “A habitação não é apenas um bem social ou económico, é também uma condição material para a liberdade”, remata. Daqui a cinco anos, o trabalho de Joana Pestana Lages pode oferecer algumas respostas.

 Joana Lages, que há vários anos se dedica ao tema habitação, defende que ter uma casa é uma forma de liberdade e de evitar o regresso ao mundo do crime. Trabalho decorrerá em Portugal, Bélgica e Noruega.

Porque uma casa também é liberdade, uma equipa de investigadores do Iscte vai trabalhar em novos modelos de habitação para presos que regressem à liberdade. Trata-se de um projeto que junta Portugal, a Bélgica e a Noruega, que vai ser desenvolvido ao longo de 5 anos e que quer encontrar formas de garantir que quem já esteve preso e está de novo livre, se mantém longe do crime e integrado na sociedade. Joana Pestana Lages, investigadora do Iscte.

O projeto "Housing as a Tool for Freedom", do Iscte, vai estudar as trajetórias habitacionais de pessoas que foram detidas e testar novos modelos de habitação para reintegração. “A casa é um dos alicerces da liberdade”, defende a coordenadora Joana Pestana Lages.

 Joana Lages, que há vários anos se dedica ao tema habitação, defende que ter uma casa é uma forma de liberdade e de evitar o regresso ao mundo do crime. Trabalho decorrerá em Portugal, Bélgica e Noruega.

Garantir um lugar para chamar de lar pode ser a chave para quebrar ciclos de encarceramento. É com este princípio que o novo projeto do Iscte propõe repensar a habitação como condição essencial para a liberdade, desenvolvendo soluções para ex-reclusos que combinam moradias de transição, arrendamento acessível e políticas públicas. Joana Pestana Lages, que é também vice-diretora do Centro de Estudos sobre a Mudança Socioeconómica e o Território - DINÂMIA'CET do Iscte, explicou ao 24notícias como surgiu a ideia desta investigação.