Projetos de Investigação
Fecundidade, Imigração e Aculturação: Abordagem interseccional das experiências e expectativas de sexualidade e reprodução em Famílias Cabo-verdianas e Portuguesas
CONTEXTO: O estudo das relações entre imigração, aculturação e fecundidade é recente, existindo ainda lacunas, em particular quanto às condicionantes socioculturais da fecundidade. Face ao declínio da fecundidade em Portugal, associado às mudanças estruturais do país nas últimas décadas, e perante o reconhecimento da importância da imigração para o aumento da natalidade, o projeto FEMINA foi desenhado para avaliar os fatores complexos de ordem individual, social, cultural e económica que determinam as experiências e expectativas de saúde sexual e reprodutiva (SSR) em famílias Cabo-verdianas e Portuguesas. O projeto reúne a expertise de investigadores do CIES-IUL e do ISAMB-FMUL nas áreas das Migrações, Família e Desigualdades em Saúde, visando uma abordagem compreensiva e interseccional de uma SSR promotora de segurança e satisfação. OBJETIVOS: A principal questão de investigação (QI) ("Qual é a influência da imigração e da aculturação dos imigrantes nas desigualdades em SSR em Portugal?") gerou várias QI subsidiárias: 1. Quais as diferenças entre os níveis e padrões de fecundidade nas (e entre as) mulheres portuguesas e cabo-verdianas? 2. Quais os fatores sociodemográficos (incluindo indicadores de etnicidade) associados à SSR de mulheres e homens portugueses e cabo-verdianos? 3. Quais as diferenças entre as práticas atuais e espectativas futuras relativas à SSR de mulheres e homens portugueses e cabo-verdianos? 4. Que crenças culturais e práticas de mulheres e homens portugueses e cabo-verdianos estão associados a uma melhor SSR e melhor utilização dos cuidados de SSR? 5. Quais as opiniões e valores de peritos e stakeholders relativamente a adaptar os serviços de SSR às populações immigrantes? 6. Como podem os serviços de SSR ser mais abertos à integração dos conhecimentos e práticas das culturas de origem dos imigrantes? MÉTODOS: Para responder a estas QI, foi desenvolvida uma abordagem multimétodo com recolha de dados quantitativos e qualitativos a nível individ...
Informação do Projeto
2018-10-01
2022-09-30
Parceiros do Projeto
Discursos sobre quem “ficou para trás”: representações sociais das patroas sobre as trabalhadoras domésticas
A transformação de papéis de género operada no último século e ligada em grande parte à entrada das mulheres no mundo do trabalho coexiste com uma ideologia em que a esfera doméstica continua a ser representada como feminina (Crompton, 2006, cit. por Abrantes, 2012). O trabalho doméstico, tal como existe, realizado sobretudo por mulheres imigrantes com estatuto social baixo, implica a coexistência de disparidades nos processos de emancipação feminina, bem como de posições sociais ocupadas pelas mulheres estruturalmente contrastantes (Dias, 2010). O que se pretende na presente investigação é analisar as relações entre trabalhadoras domésticas e patroas das mesmas, mais especificamente as representações sociais que últimas constroem acerca das primeiras, que estratégias utilizam para distanciar as suas próprias identidades das representações que constroem acerca destas trabalhadoras, e de que modo estas representações resultam do cruzamento das categorias género, etnia, classe e ocupação profissional, compreendidas no contexto de processos dinâmicos e cumulativos de discriminação que se reforçam mutuamente (Dias, 2010).
Informação do Projeto
2015-10-01
2016-07-31
Parceiros do Projeto