1º Inquérito Europeu sobre bem-estar das crianças e jovens

1º Inquérito Europeu sobre bem-estar das crianças e jovens
1º Inquérito Europeu sobre bem-estar das crianças e jovens
ISCTE-IUL faz parte de equipa

Não existe nenhum inquérito longitudinal, isto é, aplicado às mesmas pessoas ao longo de um período de tempo alargado, sobre crianças e jovens, que esteja a ser desenvolvido em simultâneo em vários países da Europa. Tal dificulta e compromete a comparabilidade, a produção de políticas a nível europeu, e a troca de boas práticas sobre bem-estar das crianças e jovens, bem como a acumulação de produção de conhecimento a este nível. Magda Nico, investigadora no CIES-IUL, integra o projeto que desenvolve o EuroCohort, para solucionar esta lacuna.

 

Na sequência do projeto MyWeb, no qual o ISCTE-IUL também participou, teve início em janeiro de 2018 o projeto que vai conceber a infraestrutura europeia de investigação necessária à aplicação de um questionário longitudinal e comparativo, a nível Europeu, sobre o bem-estar e as condições de vida de crianças e jovens. Magda Nico integra a equipa do projeto em representação do ISCTE-IUL e lidera um dos Working Packages (juntamente com Nuno de Almeida Alves), e modera ainda o Comité de Ética do projeto.

 

Este questionário, o EuroCohort, será um instrumento de recolha de informação longitudinal a indivíduos desde o seu nascimento até aos 25 anos, e permitirá aos decisores políticos tomar opções informadas e necessárias ao garante do bem-estar das crianças e jovens. 

 

Como explica a investigadora, “este é um projeto inovador e ambicioso. É inovador porque pela primeira vez se começam a dar os passos para quebrar as fronteiras no interior da Europa da aplicação de inquéritos longitudinais, e sobretudo a jovens e crianças (sobre o seu bem estar objetivo e subjetivo). Já todos, investigadores e decisores políticos, nos habituámos a usar os dados longitudinais geridos pelo Eurostat sobre os agregados familiares (European Comunity Household Panel) ou sobre condições de vida (European Union Statistics on Income and Living Condition). Mas é necessário um trabalho prévio de fundo para montar a estrutura necessária ao lançamento e amadurecimento de inquéritos complexos desta natureza. O bem-estar é, por outro lado, um conceito holístico que quando abordado nas suas vertentes objetiva e subjetiva poderá servir e pôr em diálogo disciplinas e campos de saberes habitualmente autónomos. É ambicioso porque acumula duas especificidades legais e analíticas que trazem desafios próprios: o facto de inquirir sobre indivíduos menores (durante algum tempo em idade não escolar) e de forma longitudinal (o que implica o desenvolvimento de estratégias para combater a perda de participantes ao longo do estudo).”

 

Magda Nico acrescenta ainda que “é fundamental introduzir a variável “tempo” e consequentemente “contexto histórico” nos estudos sobre bem-estar dos indivíduos, sobretudo nas tenras idades, de forma a identificar e compreender como  os fatores – individuais, familiares, sociais, económicos, históricos – competem e interagem nas alterações e oscilações do bem-estar de um indivíduo ao longo de 25 anos. Só introduzindo esta variável se pode também avaliar o impacto de políticas públicas a que o país ou aqueles indivíduos possam ter beneficiado. O potencial para a ciência fundamental e aplicada com base neste questionário é enorme, e é entusiasmante poder contribuir para a concretização do mesmo.”

 

Este projeto do European Cohort Development Project conta com a participação de 16 universidades, num consórcio coordenado por Gary Pollock da Manchester Metropolitan University, e é financiado pela Comissão Europeia ao abrigo do Horizon 2020.

 

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