Recentemente o tema de governação das empresas tem atraído muita atenção, com destaque para a remuneração dos executivos (Jensen et al. 2004), controlo das sociedades (Dyck e Zingales, 2004) e takeovers hostis (Franks e Mayer, 1994). Esta nova corrente da literatura empírica está alicerçada em duas fortes explicações relacionadas com a estrutura e o controlo da firma – teoria dos custos de agência e transacção. Contudo, tem havido uma concentração excessiva num determinado tipo de instituição - a empresa cotada na bolsa, geralmente com origem em países de expressão inglesa ou de “direito comum”. Esta tendência de pesquisa poderá ser justificada quer pela atenção teórica dada à separação da propriedade e controle quer pela disponibilidade de informação das empresas que estão sujeitas à fiscalização obrigatória dos auditores.
Uma nova corrente de investigação tem vindo a reforçar a importância de outras instituições, como as familiares. Anderson e Reed (2003) concluíram que as empresas familiares americanas obtiveram, sistematicamente, melhores resultados que as empresas públicas. La Porta et al. (1999) sublinharam a necessidade de um melhor conhecimento das questões de propriedade em todo o mundo. Uma terceira lacuna da investigação respeita o estudo de níveis de gestão intermédios como foi sublinhado por Ortin-Angel e Salas-Fumas (1998).
Este projecto procura contribuir para colmatar as lacunas encontradas na literatura empírica da governação empresarial. O caso Português, sendo de origem não saxónica e com uma economia de rendimento médio, com forte predominância de empresas familiares e do sector de serviços, é de particular interesse e com potencial para extrapolação para economias semelhantes, não sendo a comparação com países anglo-saxónicos negligenciada.
Este estudo deverá incluir os seguintes quatro subtópicos:
- Remuneração dos executivos nas empresas portuguesas. Tencionamos estudar a implicação de variáveis específicas da firma tais como: dimensão, idade, titularidade do capital, sector de actividade e nacionalidade, e variáveis específicas dos gestores incluindo a idade, antiguidade na função, nível de educação, género e nível funcional sobre o montante e tipo de remuneração atribuída aos gestores. A utilização de remuneração variável versus remuneração fixa, em particular, é um tópico obrigatório na pesquisa sobre remuneração dos gestores que pretendemos analisar de forma exaustiva no contexto português. Este estudo assenta numa ampla base de dados com milhares de observações utilizadas numa dissertação de doutoramento que está em fase de conclusão e foi elaborada por Carlos Duarte, membro da equipa do IPT. Considera-se que existe um grande potencial para dar continuidade ao estudo, nomeadamente na publicação em revistas da área científica de governação empresarial e de finanças bem como de estratégia empresarial e remuneração de gestores.
- Governação empresarial em empresas familiares: Algumas contribuições recentes (Schulze et al, 2002) mostram a existência de problemas de agência específicos relativos às empresas familiares que podem originar o não-alinhamento de interesses e a consequente criação de injustiças. Urge, pois, encontrar modelos empresariais que assegurem uma maior transparência e cujos resultados sejam reconhecidos por entidades independentes. As questões relacionadas com a governação e políticas de remuneração em empresas familiares são mais complexas e relevantes das que poderão ser deduzidas a partir de uma mera interpretação das previsões da teoria da agência.Iremos fazer um inquérito a cerca de 150 empresas familiares para aferir a governação e políticas de remuneração, dando particular ênfase à gestão familiar ao longo das gerações e o envolvimento dos membros da família.
- O impacto do governo das sociedades no desempenho da banca. O nosso objectivo é reproduzir o trabalho de Claessens et al. (2001) sobre o impacto da quota de mercado dos bancos estrangeiros no desempenho da banca, no contexto económico português. Tencionamos incluir outras variáveis de governação, para além das do país de origem deste estudo, uma lacuna que encontramos na extensa literatura sobre o impacto da actividade bancária na eficiência da economia do país onde está localizada. Para a realização deste estudo será recolhida informação específica, a nível do sector bancário.
- O impacto das mudanças de capital no desempenho do mercado de acções. É do conhecimento geral que os aumentos de capital, quer seja pelo aumento do número de acções em circulação (SEO) quer pela divisão de acções não são neutros, uma vez que têm impacto no valor das acções no mercado.A metodologia a adoptar é a do estudo de eventos tendo sempre presente a aferição do impacto destes acontecimentos na economia portuguesa. Um aspecto interessante a considerar é o impacto da propriedade–embora necessariamente baseada em empresas cotadas, podemos avaliar o impacto da concentração de capital, analisando, deste modo, a diferença entre empresas familiares e empresas de propriedade dispersa.
Centro de Investigação | Grupo de Investigação | Papel no Projeto | Data de Início | Data de Fim |
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BRU-Iscte | -- | Parceiro | 2007-09-03 | 2011-05-02 |
Não foram encontrados registos.
Nome | Afiliação | Papel no Projeto | Data de Início | Data de Fim |
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José Paulo Afonso Esperança | Professor Catedrático (DF); | Investigador Responsável | 2007-09-03 | 2011-05-02 |
José Joaquim Dias Curto | Professor Catedrático (DMQGE); Investigador Integrado (BRU-Iscte); | Investigador | 2007-09-03 | 2011-05-02 |
Luís Filipe Farias de Sousa Martins | Professor Associado (com Agregação) (DE); Investigador Integrado (BRU-Iscte); | Investigador | 2007-09-03 | 2011-05-02 |
Maria-Conceição Santos | Professora Associada (DMOG); Investigadora Associada sem Financiamento FCT (BRU-Iscte); | Investigadora | 2007-09-03 | 2011-05-02 |
MA Gulamhussen | Professor Catedrático (DF); Investigador Integrado (BRU-Iscte); | Investigador | 2007-09-03 | 2011-05-02 |
VIRGINIA TRIGO | Investigadora Associada (BRU-Iscte); | Investigadora | 2007-09-03 | 2011-05-02 |
Código/Referência | DOI do Financiamento | Tipo de Financiamento | Programa de Financiamento | Valor Financiado (Global) | Valor Financiado (Local) | Data de Início | Data de Fim |
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Ano | Tipo de publicação | Referência Completa |
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2015 | Artigo em revista científica | Pereira, I. & Esperança, J. (2015). Top executive compensation in less developed capital markets. Corporate Governance. 15 (1), 122-133 |
2010 | Artigo em revista científica | Duarte, C., Esperança, J., Curto, J. & Santos, M. (2010). Desmistificação do diferencial de remunerações nas empresas. A segregação como verdadeira determinante. ALCANCE. 17 (4), 383-400 |
2010 | Artigo em revista científica | Lisboa, I. & Esperança, J. P. (2010). Ownership structure and performance: evidence from Portugal. Corporate Ownership And Control. 7 (3), 25-32 |
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