Para abordarmos um projeto de forma regenerativa é necessária uma mudança de paradigma, de uma visão mecanicista e antropocêntrica para uma em que os sistemas vivos e a sua relação com o contexto são centrais – biocêntrico. Este artigo tem como premissa base este sistema de valores biocêntrico caraterizado por uma visão sistémica das nossas ações dentro de um contexto vivo em que se insere, do qual depende e para o qual contribui; e pretende discutir a importância do lugar num projeto regenerativo de uma habitação, onde o objetivo é harmonizar as atividades humanas com os processos e padrões naturais inerentes à vida, já que é a vida que estamos a tentar suster. O lugar assume, aqui, um papel fundamental enquanto contexto num projeto regenerativo de uma habitação encarada como ecossistema: como a vida se organiza num lugar específico, assumindo que um sistema vivo e o seu ambiente não podem ser pensados isoladamente e têm relações de mútua dependência e influência. Com base em três princípios chave dos sistemas vivos – a sua natureza holárquica; a sua capacidade de auto-regeneração e auto-organização e a existência de um metabolismo ou um sistema de fluxos dinâmicos que funciona em rede - é analisado como estes se podem traduzir em princípios de desenho através da análise de 2 projetos regenerativos, especulando-se no fim a sua aplicabilidade a um caso de estudo – uma habitação unifamiliar em contexto rural. Fazer um projeto de uma habitação com base no entendimento de como os sistemas vivos funcionam cria-nos, assim, o contexto e muda-nos o foco da estrutura (isolada) que queremos conceber para o processo dinâmico que essa estrutura deve suportar naquele sistema vivo específico.

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Lugar,Sistemas Vivos,Projeto Regenerativo,Desenvolvimento Sustentável

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