Capítulo de livro
A nova paisagem rural portuguesa e o trabalho na agricultura superintensiva
Título Livro
Da escravidão ao trabalho digno: nos 150 anos da abolição da escravidão em Portugal e nos 100 anos da criação da OIT
Ano (publicação definitiva)
2021
Língua
Português
País
Portugal
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N.º de citações: 3

(Última verificação: 2024-11-18 21:28)

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Abstract/Resumo
O mundo rural português teve uma evolução dramática desde a década de 1960, quando os jovens abandonaram as suas terras de origem à procura de uma vida melhor no estrangeiro ou nos arredores de Lisboa. Outros também o fizeram em consequência da Guerra Colonial. O despovoamento é agora irreversível em 80% da área do território português, onde vive menos de 20% da população, na sua maioria envelhecida e com enormes carências ao nível dos serviços básicos, desde a saúde, à segurança e às comunicações. Recentemente uma nova tendência invadiu a paisagem: associada ao uso da água de albufeiras construídas ainda no Estado Novo, como o Maranhão, Montargil e Santa Clara, e mais tarde o Alqueva, está a verificar-se a expansão da monocultura superintensiva de frutos vermelhos e olival. Este novo tipo de agricultura repete erros do passado, como as Campanhas do Trigo dos anos 1930, e coloca Portugal ao nível dos países dependentes da exportação de matérias-primas em especial para a China, como o Brasil e o Paraguai. As terras agrícolas estão agora na sua maioria na posse ou sob arrendamento de empresas estrangeiras que abusam dos recursos de água e usam químicos não testados, o que causa erosão genética e o fim da biodiversidade, e perigos ambientais graves, sobretudo em períodos de seca extrema. Além de destruírem o património florestal preexistente, com o arranque não autorizado de azinheiras, sobreiros e oliveiras centenárias. Contudo, mais grave é o facto de estas empresas não trazerem quaisquer benefícios às populações locais, porque não geram empregos permanentes, mas apenas sazonais, com o uso de trabalhadores migrantes, estrangeiros e ilegais, a viverem em condições desumanas, em contentores, e com salários não aceitáveis num país que fez uma revolução e uma reforma agrária para, entre outros motivos, criar direitos iguais para todos os trabalhadores. Baseado em observação direta e testemunhos recolhidos em várias fontes, esta comunicação pretende denunciar situações de trabalho indigno, que não se conjugam com a visão idílica das paisagem rurais, agora adulteradas por estufas e olivais a perder de vista, onde trabalham seres humanos a quem não são concedidas condições de integração na sociedade que se pretendeu construir no regime democrático português.
Agradecimentos/Acknowledgements
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Palavras-chave
Despovoamento,Imigrantes,Trabalho,Paisagem,Territórios,História
  • Sociologia - Ciências Sociais
  • Ciências Políticas - Ciências Sociais
  • História e Arqueologia - Humanidades
Registos de financiamentos
Referência de financiamento Entidade Financiadora
UIDB/03126/2020 Fundação para a Ciência e a Tecnologia

Com o objetivo de aumentar a investigação direcionada para o cumprimento dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável para 2030 das Nações Unidas, é disponibilizada no Ciência-IUL a possibilidade de associação, quando aplicável, dos artigos científicos aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Estes são os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável identificados pelo(s) autor(es) para esta publicação. Para uma informação detalhada dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, clique aqui.