Comunicação em evento científico
AJARDINADOS DA AVENIDA DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA. Herança e Contexto na Abertura do Logradouro no Bairro de Alvalade (1950-1960).
Jorge da Rosa Neves (Neves, Jorge Rosa);
Título Evento
4ª Edição | Workshop Dinâmicas Socioeconómicas e Territoriais Contemporâneas (ISCTE-IUL, 17-18 de Dezembro)
Ano (publicação definitiva)
2018
Língua
Português
País
Portugal
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Abstract/Resumo
A edificação da Avenida dos EUA prevista no Plano de Urbanização da Zona a Sul da Avenida Alferes Malheiro (1945), confirmada nos Estudos de Ocupação do Solo (1951 ) e nos projetos de arquitetura dos conjuntos habitacionais (1953-), com influência crescente do Movimento Moderno na arquitetura portuguesa, consolidou definitivamente o processo de abertura do logradouro e o seu entendimento na lógica da fruição do espaço urbano do Bairro de Alvalade. Esse processo, coincidente com a afirmação profissional dos primeiros arquitetos paisagistas na CML, potenciou a expressividade da sua prática profissional e a implementação da Estrutura Verde no Bairro. A edificação do lado Norte da Avenida com implantação dos blocos habitacionais com a maior dimensão perpendicular a esta, ocorre na sequência dos projetos dos conjuntos habitacionais de Joaquim Ferreira (1911-1966) na Avenida Dom Rodrigo da Cunha e de Ruy D’ Athouguia (1917-2006) e de Formozinho Sanches (1922-2004) no Bairro de São João de Deus (Bairro das Estacas) ambos em 1949. Estas alterações ao Plano (1945), contempladas na Planta de Divisão dos Terrenos de 1951, surgem da afirmação do Movimento Moderno e da perceção crescente do insucesso dos Logradouros Comuns projetados para as Células 1 e 2. A sucessão destes conjuntos habitacionais permite, portanto, ler o processo de abertura progressiva do logradouro, desde as Células habitacionais com maior influência do Estado Novo em que este é concebido numa lógica de compromisso entre áreas comuns de recreio e áreas privadas (para agricultura de complemento), passando pela abertura total e configuração retangular na Av. Dom Rodrigo da Cunha, em contexto de enquadramento ao edificado, até ao Bairro das Estacas, onde as lógicas de recreio são assumidas como determinantes da qualidade do conjunto habitacional. Na Avenida dos EUA, os logradouros com a designação tipológica de “Ajardinados”, configuram-se abertos à avenida e de perímetro quadrangular com delimitação a Nascente e a Poente pelos blocos habitacionais e no topo Norte por edifícios de menores dimensões. A evolução dos projetos dos conjunto habitacionais na Avenida dos EUA com consequente redução do número de blocos em alguns troços, revendo o Plano de Urbanização (1945) e a Planta de Divisão em Lotes da Avenida (1951), promoveram um aumento significativamente das áreas dos “ajardinados”, favorecendo de forma determinante a abordagem conceptual e a expressividade do Ante Projeto elaborado por Ribeiro Telles (1957) abrangendo todos os troços da avenida e posteriormente os projetos do mesmo autor (1958) para os troços do lado Norte da Avenida entre Praça Mouzinho de Albuquerque e a Av. de Roma e entre esta e a Av. do Aeroporto e em 1959 para o lado Sul entre a Rua Frei Tomé de Jesus e Rua Diogo Bernardes. O troço entre a Av. de Roma e a Av. do Rio de Janeiro elaborado em 1959-60 por Manuel Sousa da Câmara, embora com pressupostos programáticos similares, reveste-se de aspetos distintivos decorrentes do projeto de arquitetura. Entre o ante projeto e os projetos dos ajardinados, Ribeiro Telles projeta a arborização da Avenida o que permitiu constituir um corredor com expressão na Estrutura Verde do Bairro e da Cidade. Esta arborização em articulação com as demais projetadas pelo autor, para as principais avenidas com ligação à Avenida dos Estados Unidos ou na proximidade desta, constituiu fator de coesão urbanística entre o Bairro e a Cidade consolidada a Sul. Surgem como principais notas conclusivas da investigação: A edificação ao longo da Avenida dos Estados Unidos da América, com influência marcante do Movimento Moderno em Alvalade, de que resultaram importantes áreas para fruição pública, potenciaram a expressividade da arquitetura paisagista no bairro. A interpretação da arquitetura dos conjuntos habitacionais pelos arquitetos paisagistas, refletida nos projetos dos ajardinados, contribuiu para afirmar os méritos da arquitetura do Movimento Moderno, quer na própria edificação, quer no espaço urbano decorrente desta, contribuído definitivamente para a imagem do Bairro. A análise sistemática dos projetos dos ajardinados elaborados por Gonçalo Ribeiro Telles (1958-59) e por Manuel Sousa da Câmara (1959-60), permite colocá-los num segundo momento projetual relativamente a um primeiro momento marcado pelos projetos de Gonçalo Ribeiro Telles e de Manuel de Azevedo Coutinho elaborados maioritariamente na primeira metade da década de 1950. Este percurso que decorre em paralelo à evolução das influências arquitetónica do Bairro, muito próximas ao Estado Novo nas células de casas económicas e com influência decisiva do Movimento Moderno nos grandes conjuntos habitacionais, com início na Av. D. Rodrigo da Cunha e no Bairro das Estacas, com auge na Avenida dos Estados Unidos e mais tarde retomada na Avenida do Brasil no conjunto habitacional do Montepio Geral, permite observar a capacidade dos arquitetos paisagistas em projetar em articulação com diferentes soluções arquitetónicas sem perder a matriz estética e ecológica defendida por Francisco Caldeira Cabral, constituindo este também um dos fatores para a coesão urbanística do Bairro apesar das várias influências arquitetónicas que este encerra.
Agradecimentos/Acknowledgements
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Palavras-chave
Bairro de Alvalade - Estrutura Verde - Dialéctica Interdisciplinar Arquitectónica
  • Artes - Humanidades