É amplamente reconhecida a natureza internacional da luta anticolonial no pensamento de Amílcar Cabral. Mas, de que forma essa dimensão internacional do movimento de libertação, nomeadamente do PAIGC, é entendida e representada pelas instituições responsáveis pela manutenção do sistema colonial? Para dar resposta a esta questão, a presente comunicação tem por objetivo compreender de que forma o Exército Português, a partir do Quartel-General do Comando Territorial Independente da Guiné (CTIG), retrata a dimensão internacional do movimento independista guineense e o seu mais destacado líder, Amílcar Cabral. Para tal, recorremos a análise de um conjunto de comunicações internas ao CTIG, até agora classificados, no contexto do Teatro de Operações da Guiné, disponíveis no acervo no Arquivo Histórico Militar. Metodologicamente, procuraremos contextualizar e analisar a percepção interna que o aparelho militar português concebe internamente em torno de Amilcar Cabral, através da documentação depositada no Arquivo Histórico Militar, sob a alçada da Direção de História e Cultura Militar. Deste modo, pretendemos sustentar a ideia de que as representações de Amílcar Cabral e do seu enquadramento internacional são desenhadas e instrumentalizadas pelos quadros do Exército Português de forma a legitimarem o esforço de guerra que esta instituição conduzia na Guiné, num contexto de vitimização do aparelho colonial português.

Investigação financiada pela FCT, no âmbito do projeto ARCHWAR.

Amílcar Cabral,Comando Territorial Independente da Guiné,Aparelho Colonial,Discurso de segurança

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