Talk
Mulheres militantes: o processo de adesão à ação militante sindical de Maria Emília Reis, Judite Faquinha e Lurdes Domingues
Paulo Alves (Marques Alves, P.);
Event Title
Conferência “Mulheres com História e o 25 de Abril”
Year (definitive publication)
2024
Language
Portuguese
Country
Portugal
More Information
--
Web of Science®

This publication is not indexed in Web of Science®

Scopus

This publication is not indexed in Scopus

Google Scholar

This publication is not indexed in Google Scholar

This publication is not indexed in Overton

Abstract
Esta comunicação tem por base uma investigação com a qual se procurou compreender como é que três mulheres se tornaram militantes sindicais e ativamente participaram no movimento sindical durante e após o PREC em três sindicatos distintos, dois da fileira têxtil e outro do sector social. Dito de outro modo, centrámo-nos nos processos conducentes à sua adesão à ação militante. Uma abordagem deste tipo implicou a tomada em consideração da variável tempo, um tempo que se divide em dois momentos: o primeiro, é o das trajetórias a montante da adesão, o que significa analisar as socializações primária e secundária; o segundo, é o da adesão em si, envolvendo as circunstâncias em que ocorreu. Concluiu-se que o processo de adesão à ação militante é um processo social, pelo que são de rejeitar, entre outras, as explicações de carácter psicológico ou psicologizante baseadas na personalidade, na ideia da existência de um ajustamento psicológico ou atitudinal com o movimento (“union commitment”) ou em atributos psicológicos como a frustração ou a alienação. A estas conceções, contrapõe-se um outro modelo. Assim, considera-se que a existência de uma socialização militante pode potenciar, mas não determina, uma identificação com o mundo sindical e com um projeto sindical concreto, bem como uma orientação para a ação militante, vista como necessária e legítima e que implica um investimento que envolve esforço e empenhamento. Mas, para que a passagem à ação militante se dê, é fundamental que existam determinados fatores estruturais. Deste modo, em última instância, é a estrutura das relações de e no trabalho que explica a adesão – ou não – à ação militante. As mobilizações, quer por ocasião de um acontecimento histórico (por exemplo, o 25 de Abril), quer de um conflito de trabalho, quer ainda em torno de problemas relativos às condições de trabalho que urge resolver e que leva o coletivo de trabalhadores a considerar a necessidade de criação de organização sindical na empresa, originam um contexto propício à adesão à ação militante. Do mesmo modo que a presença quotidiana e a irradiação de um grupo sindical nos locais de trabalho é um elemento decisivo para a adesão de novos trabalhadores a este tipo específico de ação coletiva. A pesquisa seguiu uma estratégia de tipo compreensivo. Nesse quadro, utilizou-se a “abordagem biográfica” Bertaux (1980), designação que este autor prefere às de “método das narrativas de vida” ou “método biográfico”, porque o que está em jogo não é somente a adoção de mais uma técnica de observação, antes se tratando de construir uma nova abordagem sociológica. A ótica é essencialmente antipositivista, mas também uma forma de evitar a ideologia biográfica, que Bertaux descortina na Escola de Chicago. Neste sentido, defende-se que se deve considerar as narrativas de vida não como histórias de uma “vida”, mas como “récits de pratiques”, o que significa que o objeto de estudo não é a “vida”, mas antes as trajetórias, as práticas, os projetos dos indivíduos, que são simultaneamente produto e produtores de história.
Acknowledgements
--
Keywords