No âmbito do projeto ABRIL MATER: Maternidade e Parto antes e depois da Revolução – uma pesquisa de cariz qualitativo que visa investigar o impacto da Revolução dos Cravos na maternidade – propomos uma abordagem específica ao subtema da experiência materna em contexto de clandestinidade. Durante o período ditatorial em Portugal, que abrangeu grande parte do século XX, as mulheres desempenharam um papel fundamental na resistência política. Os movimentos clandestinos e partidos políticos de oposição em que estavam envolvidas, contribuíram de forma significativa para a disseminação de ideologias antirregime, mantendo acesa a chama revolucionária. Entre o dever político e a maternidade, muitas mulheres enfrentaram desafios extraordinários, principalmente no que compete ao acesso limitado aos cuidados de saúde. Neste sentido, a presente comunicação tem como objetivo partilhar alguns dos resultados preliminares de entrevistas conduzidas com mulheres da resistência, proporcionando um retrato da maternidade clandestina durante a ditadura. Para tal, concentramo-nos principalmente nas suas perceções sobre questões como o acesso a cuidados de saúde, disponibilidade de informações sobre maternidade e, de modo geral, nas vivências associadas à maternidade clandestina, incluindo o afastamento doloroso e forçado dos seus filhos quando necessário, a identidade materna, a gestão da vida familiar e as próprias experiências de prisão e de luto, quando aplicáveis.

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