No âmbito da literatura antropológica de tradição durkheimeana, onde o interesse pela categorização sociológica dos chamados "sistemas simbólicos" é um pretexto discursivo central, foram produzidos modelos e métodos de análise que, explicitamente, procuraram responder a um enigma originado pelas próprias premissas que levaram à criação desses modelos e metodologias. Perante materiais etnográficos que expõem a estranheza de certas categorias culturais e nas quais não crê, sente-se confrontado com as mecânicas de um pensamento "em acto", não introspectivo, o qual não parece tender para a hierarquização lógica, a ordenação analítica, mas antes exploram, ao nível do "concreto", as possibilidades da justaposição dual, da classificação por pares antitéticos. Como é possível ao investigador compreendê-las e explicá-las, senão através do uso dos dispositivos racionais conceptuais postos à sua disposição, graças a eficientes mecanismos cognitivos próprios de um tipo específico de sociedade substancialmente distinta daquela que investiga?

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Antropologia,Teoria

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