Comunicação em evento científico
Paisagens a transformar: Para um conceito operante de espaço “urbano-rural”.
Rui Manuel Fernandes (Fernandes, R.); Teresa Marat-Mendes (Marat-Mendes, T.);
Título Evento
WORKSHOP Dinâmicas Socioeconómicas e Territoriais Contemporâneas VI
Ano (publicação definitiva)
2022
Língua
Português
País
Portugal
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Abstract/Resumo
As ordens religiosas são um fenómeno ancestral, Com esta apresentação pretende-se dar a conhecer o projecto de doutoramento em curso, intitulado “Virtus in medium est - History and Planning towards an urban- rural future” (SFRH/ BD/151381/2021). Este trabalho procura uma definição de espaço “urbano-rural” operante para políticas públicas de planeamento e práticas de desenho urbano e de concepção de variados espaços verdes – especialmente de produção. Procura-se um compromisso entre elementos da cidade e do campo no sentido de um habitat sustentável e comunidades mais autónomas. Neste sentido, importa também assinalar que não são estanques as noções de urbano e rural, pelo que será necessário compreendê-las no contexto da sociedade e da cultura contemporâneas – em que frequentemente se interpenetram – entendendo embora como as noções contemporâneas evoluíram historicamente. A selecção de casos-de-estudo – Lisboa, Barcelona e Bucareste – procura uma maior proximidade com a matéria em estudo através da procura de soluções morfológicas de referência apoiadas no paisagismo, diversidade tipológica e no uso contemporâneo do espaço urbano. Assim, a presente investigação assenta na ideia de que o futuro das cidades dependerá da sua relação formal e funcional com a biodiversidade. Deste modo propõem-se repensar o planeamento à luz de uma “cultura de território” (Ferrão, 2011) diferente. Se esta designa a compreensão das suas características morfológicas, históricas, geográficas e socio- políticas do território, aqui observam-se estas dimensões questionando a dicotomia tradicional entre o campo que produz e a cidade que consome. Esta abordagem encontra-se expressa no âmbito da “Urban Food Agenda” da Food and Agriculture Organization (2019) das Nações Unidas. Aí sugere- se pensar a resiliência e a sustentabilidade à escala da cidade-região, reconhecendo as carências e potencialidades do território, no sentido de promover ligações entre produtores e mercados, bem como entre sistemas alimentares de escala e práticas de agricultura urbana e periurbana. Já na “New Urban Agenda – Habitat III” (2016), chama-se a atenção para os graves problemas com a habitação nas cidades, onde o crescimento demográfico e a escalada no custo de vida geram graves problemas de sustentabilidade social. A articulação entre estes dois assuntos patentes em agendas internacionais beneficiaria da articulação do espaço habitacional (individual e colectivo) com o território em que este se insere. Desta perspectiva, embora o desenvolvimento de tipologias de habitação e de espaços públicos, sejam, separadamente, temas prolíficos na história da arquitectura e do urbanismo, o estudo do habitat humano como um binómio “habitação/espaço verde” tem sido opção pouco explorada. Fernández Guell afirma que “A la hora de abordar um ejercicio de prospectiva, sólo hay um lugar del cual podemos extraer imágenes del futuro: el passado.” (Guell, 1997: 58. Nesta medida quais são as ferramentas que dispomos para empreender um futuro sustentável no território urbano, partindo duma leitura da sua evolução? Esta investigação procura responder a esta pergunta por recurso a duas frentes de trabalho. A primeira passa pela análise de três territórios (casos-de-estudo): Lisboa, Barcelona e Bucareste. Confronta-me assim diferentes situações geográficas (Lisboa e Barcelona no litoral, Bucareste no interior) e administrativas (Lisboa e Bucareste, capitais nacionais e regionais, Barcelona apenas regional). Em relação à estrutura urbana, também há contrastes importantes, sendo que em Lisboa e Barcelona a expansão da povoação histórica compacta assenta em malhas regulares e quarteirões urbanos e em Bucareste com uma malha histórica dispersa, constituída por casas com quintais verdes e uma expansão constituída por eixos marcadamente urbanos. Um aspecto pouco notado tem sido a medida em que projectos de expansão ou modernização implicaram o eliminar de espaços rurais. A segunda procura a sistematização de soluções morfológicas de referência colhidas da história da arquitectura, do paisagismo e dos usos contemporâneos do espaço urbano que se enquadrem nestas preocupações. A revisão de literatura em curso tem encontrado, na história de várias disciplinas com âmbito espacial um repositório rico e por vezes pouco explorado na articulação entre urbano e rural. É o caso das experiências de Migge na Alemanha do entre-guerras, onde se procurava a inserção duma paisagem produtiva em bairros residenciais, essencial para compreender o cruzamento entre campo e cidade, entre paisagismo e arquitectura (Haney, 2010). Steel (2008) e Salvador (2019) abordam a transformação do território, assim como a relação entre a alimentação, produção e consumo no cruzamento entre o urbano e o rural de um ponto de vista histórico, utilizando a evolução do território. Batlle (1997) e Bohn & Viljoen (2014) vêem na horta urbana uma ferramenta de transformação urbana e social procurando encontrar soluções para diferentes escalas de problemas tendo em comum uma ideia de sustentabilidade urbana e de ligação com a periferia e o campo. A exposição de Marot (2019) ‘Taking the Country’s Side – Agriculture and Architecture’ idealiza cenários futuros como culminação de processos civilizacionais no tempo profundo (Gandy, 2018), enfatizando as ligações entre o desenvolvimento social e a paisagem. Além de contribuir para um tema com relevância académica, este trabalho explora algumas metas estabelecidas por agendas internacionais. Estas agendas apesar da base territorial das suas propostas, precisam ainda de ser interpretadas numa perspectiva espacial, que concretize as acções propostas para a sociedade e a economia no âmbito do desenho urbano e da arquitectura, através dos quais, idealmente, se projecta a transformação do habitar humano. É no cruzamento entre estes objectivos políticos e as áreas relacionadas com o desenho que este trabalho pretende inserir-se.
Agradecimentos/Acknowledgements
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Palavras-chave
Planeamento urbano,Espaços Verdes,Tipologias Habitacionais,Urbano-Rural
  • Outras Ciências Sociais - Ciências Sociais
  • Artes - Humanidades
  • Outras Humanidades - Humanidades

Com o objetivo de aumentar a investigação direcionada para o cumprimento dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável para 2030 das Nações Unidas, é disponibilizada no Ciência-IUL a possibilidade de associação, quando aplicável, dos artigos científicos aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Estes são os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável identificados pelo(s) autor(es) para esta publicação. Para uma informação detalhada dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, clique aqui.