As ordens religiosas são um fenómeno ancestral, desde o século XII, com forte impacto nas esferas política, social e cultural. No Alentejo, a fixação destas ordens em áreas pouco povoadas contribuiu para a ocupação humana de zonas rurais. As implantações conventuais eram repositórios orgânicos, reunindo conhecimentos heterogéneos, e verdadeiros laboratórios de aplicação deste conhecimento. Em 1834, a dissolução das ordens religiosas em Portugal e a consequente secularização e venda do seu património pelo Estado, levou à perda de valores simbólicos, culturais e técnicos na maioria das 131 implantações identificadas no Alentejo através de investigações anteriores. Quase 200 anos depois, encontram-se complexos de património cultural subutilizados, abandonados ou em ruínas, testemunhos da história e da identidade das suas comunidades locais. Este número corresponde a cerca de 25% de toda a rede conventual do Alentejo, representando um recurso endógeno inativo. Além disso, é cada vez mais comum a transformação destes complexos conventuais em hotéis de gama alta sem qualquer análise prévia ou avaliação de impactos.

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