A experiência de eventos traumáticos militares pode resultar em diversas consequências psicológicas e sociais para o indivíduo e para os seus sistemas mais próximos, como as suas famílias. Este estudo contribuiu para uma visão psicossocial destes fenómenos, salientando a importância de ter em consideração não o indivíduo isolado, mas os seus diferentes contextos e as interações entre os mesmos (e.g., família, pares, serviços, políticas locais) e o grupo como recurso. Para tal, foram realizadas 42 entrevistas a dirigentes associativos, técnicos/as de saúde e administrativos/as de instituições que têm contacto com ex-combatentes e famílias. Os resultados deste estudo demonstraram que as principais necessidades dos ex-combatentes prendem-se com a necessidade de serviços (e.g., de lar e/ou centro de dia) e a falta de reconhecimento. A possibilidade de acompanhamento psicológico dos filhos e esposas dos ex-combatentes foi uma necessidade frequente apontada entre as necessidades das famílias dos ex-combatentes. Verificou-se igualmente que as associações são estruturas fundamentais para reconstruir uma identidade coletiva como uma forma de promover a resiliência. Em suma, este estudo permitiu, através da voz de representantes de associações que enquadram os ex-combatentes, identificar algumas das necessidades dos ex-combatentes e dos seus sistemas sociais. Os resultados permitiram uma reflexão sobre a importância de dar um significado coletivo à situação traumática e de reconhecer o papel fundamental desempenhado pelos sistemas que envolvem o ex-combatente.

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