A interpretação de dados qualitativos em grupo é uma prática comum na investigação qualitativa em ciências sociais, especialmente em países com a língua alemã, onde essa prática se tornou uma parte integrante da pesquisa e do ensino na universidade (Schippling 2017). Na base de uma investigator triangulation (Flick 2004), a prática de grupos de interpretação visa a construção de um habitus científico reflexivo (Bourdieu 1997), que tem em vista a geração de um conhecimento que se baseia na rutura das construções do senso comum, provocando, ao mesmo tempo, uma consciencialização e reflexão das condições sociais do processo de investigação e dos próprios investigadores (Reichertz 2013; Schippling & Álvares 2019). Apesar de a investigator triangulation ser uma prática aplicada na investigação qualitativa, existe muito pouca investigação científica sobre essa prática e suas implicações para o processo de investigação e da geração de conhecimento nesse âmbito. A contribuição propõe (1) uma descrição dos fundamentos históricos da interpretação em grupo e das suas atuais formas de existência, (2) uma discussão de exemplos empíricos da interpretação em grupo, realizados em oficinas de interpretação na Alemanha e em Portugal, e (3) uma reflexão sobre desafios metodológicos para a interpretação qualitativa em grupo. Referências bibliográficas Bourdieu, P. (1997). Les usages sociaux de la science. Pour une sociologie clinique du champ scientifique. Paris: Éditions Quae. Flick, U. (2004). Triangulation in Qualitative Research. In U. Flick, E. v. Kardorff, I. Steinke (Ed.), A Companion to Qualitative Research (pp. 178-183). London, Thousand Oaks & New Delhi: Sage. Reichertz, J. (2013). Gemeinsam interpretieren. Die Gruppeninterpretation als kommunikativer Prozess. Wiesbaden: VS Verlag für Sozialwissenschaften. Schippling, A. (2017). Investigator-triangulation in the data interpretation process: an almost untouched research area. La critica sociologica, 51 (203), 87‒100. Schippling, A. & Álvares, M. (2019). Zur Generierung von Wissen in Interpretationsgruppen – Methodologische Reflexionen im Kontext reflexiver Eliteforschung, Zeitschrift für Qualitative Forschung, 20 (1), 43-57.

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