O que leva a que algumas pessoas votem e outras se abstenham? Esta é uma especialmente premente no caso português, que apresenta taxas de participação em eleições legislativas mais baixas do que as observadas na generalidade dos países da Europa Ocidental. Um amplo conjunto de variáveis tem vindo a ser mobilizado para explicar as assimetrias de participação nas eleições legislativas portuguesas: factores atitudinais (Freire e Magalhães 2002; Viegas e Faria 2005), características sociodemográficas (Cancela e Magalhães 2021), percepções sobre os líderes (Ferreira da Silva e Costa 2019) e exposição às campanhas eleitorais (Lisi 2019). Não obstante o valor acrescentado de todos estes estudos, cada um deles tende a seguir uma de duas estratégias: ou testa várias explicações para uma ou duas eleições, ou testa um modelo mais parcimonioso ao longo de um período mais alargado. Neste estudo tomamos partido da amplitude temporal da base de dados integrada dos estudos eleitorais portugueses (2002-2022) para proceder a uma análise sistemática e exaustiva da capacidade explicativa de diferentes teorias. Recorrendo à técnica de análise de limites extremos (EBA), damos conta dos resultados de diferentes permutações de modelos combinando diferentes variáveis ao longo do tempo, captando e interpretando as respectivas flutuações de poder explicativo.

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