O artigo incide na descrição e reflexão sobre a construção do processo do projecto de arquitectura, nos conjuntos de habitação social entre 1960 e 1979 do Arquitecto Vítor Figueiredo. O objectivo é produzir um entendimento sobre a relação entre a génese do processo de criação arquitectónica, como um conjunto de factores iniciais, e a sua materialização, como o resultado de tomadas de decisões durante o percurso. O método utilizado é a análise por comparação das intenções e ideias expressas em entrevistas, comunicações e discursos do Arquitecto Vítor Figueiredo, bem como nas suas memórias descritivas, com o discurso teórico sobre o processo de desenvolvimento descrito pelo Arquitecto Peter Zumthor no seu livro “Thinking Architecture”, por se considear na mesma linha de discurso e pensamento. Numa primeira parte, sobre a génese da arquitectura, organizam-se os discursos dos dois arquitectos segundo três temas: a memória, a imersão espacial e a visão pessoal do mundo. Numa segunda parte são analisados e descritos os conjuntos de habitação social: Olivais Sul célula C, Peniche CRE 104 e Alto do Zambujal, como exemplos relacionados com os temas apresentados na primeira parte. O presente artigo não vai “desvendar mistérios que não são desvendáveis”, mas antes identificar a construção do processo gerador da essência da arquitectura, segundo o Arquitecto Vítor Figueiredo, partindo do pressuposto que a arquitectura é o resultado final enquanto construção real e habitável.

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